Cresci à solta em África e é lá que quero acabar os meus dias... Por aqui vou-me sentindo apertada, entalada, com falta de ar... talvez eu consiga respirar melhor se me tirares todo o ar de uma vez... é como morrer aos bocadinhos, a Europa. Velha e linda Europa. Como uma senhora de verdade ela não se envolve verdadeiramnete em coisa nenhuma... deixa-se levar. Talvez na esperança de que um dia apareça um príncipe encantado que a salve do coma em que vive. Talvez espere o beijo que a fará erguer da dormência em que se encontra e que lhe devolva a vontade de viver!
E entretanto vão passando os amantes que a enganam com continentes mais jovens. Que se servem do seu saber para o distorcer. Que lhe impõem valores que nunca foram os seus. Que a empurram para guerras sem sentido com povos de quem se encontra mais próxima geograficamente, aqueles que moram ao seu lado, os seus vizinhos que começam a fazer reuniões de condomínio porque já não se sentem confortáveis com a sua vizinhança...
O mundo é global, dizem-me. Será? para quem?
Eu quero voltar a África. É lá que estão as minhas raízes e o calor de que necessito para viver. Quero poder andar descalça. Quero vestir-me de panos bem garridos. Quero uma casinha bem modesta com o mar à vista. Comer peixe que eu mesma pescarei e cozinharei! África tem tudo o que é necessário para se viver bem. Desde que viver bem, não seja o padrão europeu ou americano do consumo desenfreado.
Dir-me-ão que é sonho. É! Mas um dia destes vai tornar-se realidade.
Não gosto das regras que a Europa me impõe. Não gosto de ser olhada de lado porque canto na rua (curiosamente conheço uma velha senhora inglesa que também o faz. É claro que é uma original...)
Preciso de deixar esta velha senhora que me vai sufocando enquanto espera o príncipe que a amará de verdade... porque não o vejo no horizonte.... (nem mesmo com binóculos!).
Irás comigo?
1 comentário:
Maria Eduarda
já lá voltei 3 vezes e sonho assim também, voltar para ficar, é sonho que vou sonhando, um dia acho que irá deixar de ser sonho, porque naquela terra onde nascemos, o ar, o mar, as gentes, os imbondeiros e o sol sentem também a nossa falta...aiué saudade Nzambiéée´
:-)
(só pra dar calor nesse dia malaico aqui dos pulas) :-)
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