Acabo de falar com os meus filhos ausentes. Ainda hoje comentava com uma colega, mãe de um filho único, que às tantas, entre ter um ou mais filhos, a diferença não será assim tão grande depois de sairem de casa. Pelo menos no meu caso que os tenho tão longe... Mas a vida é assim e eu não me queixo. Antes pelo contrário: asas servem para voar! E se voaram é porque lhes dei asas... e das boas. (aqui para nós, que ninguém nos ouve, um tem asas de águia e outro de anjo). Suponho que eles concordarão com isto.
Quando olho para as crianças portuguesas e para a infância dos meus filhos, tenho pena que não tenham tido a mesma sorte que eu e os meus irmãos... sobretudo ele, porque naquela altura as meninas ainda não tinham os mesmos direitos que os meninos (razão pela qual apanhei mais do que uma vez, em vez dele...)
A tareia que nunca me saiu da memória, foi a que apanhei por ter "fugido" de casa com o meu irmão, para conhecer um chimpanzé que vivia numa vivenda de outro bairro, um pouco distante daquele em que vivíamos.
Tínhamos tudo combinado. Às 6 horas da manhã, em silêncio, saímos de casa, pulando uma janela (suponho que para nós se tivesse sido pela porta, não seria exactamente uma fuga) e lá fomos mais um amigo em busca do dito chimpanzé.
Depois de o termos visto, e aí pelas 8 horas da manhã já eu choramingava com fome. Voltámos para casa. A mãe andava que nem uma louca à nossa procura. É claro que quando nos apanhou, fui eu quem levou uma tareia com uma "sabrina" (parece que a estou ver: verde...), porque embora ele tenha mais três anos que eu, a menina era eu e tinha obrigação de saber comportar-me como tal... Eu tinha 6 ou 7 anos. É notável não é? Ainda bem que os tempos evoluíram e hoje as meninas podem fazer o mesmo que os rapazes. Isto por um lado. Por outro nem eles nem elas têm liberdade de fazer o que quer que seja, porque a insegurança é tão grande que a maior parte das crianças vive aterrorizada dentro de casa... resta-lhes o PC e a TV.
Eu não tive PC nem TV. Mas tive ruas inteiras para brincar e imaginação para aprender a "fugir" e inventar brinquedos e brincadeiras... E amigos que ficaram para o resto da vida... e muitas estórias para contar!
Os meus filhos tiveram a liberdade que o clima de Portugal permitiu. Mas os meus netos, sobretudo o mais novo que vive em Milão, há-de crescer emtre quatro paredes... e eu tenho pena. Tenho pena de não o ver crescer e tenho pena que ele cresça entre a segurança de quatro paredes!
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