30 agosto, 2006

Podia ter sido um dia feliz...


Podia ter sido um dia feliz. Podia... Agosto ajuda. Trabalhar nas calmas, apesar do stress da falta de pessoal... mas a tranquilidade do movimento lento, do trânsito quase inexistente, da praia ao fim do dia. Podia ser um dia feliz.
Podia... há sol e mar na minha vida. Praias com bandeira verde, para que eu possa nadar sem ser incomodada pelo nadador salvador (se bem que ele já me conhece e deixou de se preocupar comigo. Parece que já não pensa que eu quero ir para a América a nado...)
Como veêm o dia podia ter sido feliz... Nem faltaram os netos ao fim dia.
Podia mesmo ter sido um dia feliz...
Não fossem as notícias. Não fossem os telejornais. Não fossem as casas derrubadas.
E não me interessa saber se as pessoas que as ocupavam são ou não emigrantes clandestinos. Não me interessa! É gente. Gente na sua maioria trabalhadora que está no país há imensos anos. Gente humilde e pobre. Gente como eu, como tu que me lês...
Não me interessa saber se há ou não dinheiro para alojar essa gente. Se não há, esperassem que houvesse. O que é inadmíssivel é deixar as pessoas sem os seus poucos bens. Atirar para o lixo tudo o que lhes pertence, incluindo os documentos. Que raio de país socialista é este? Como é possível tratar pessoas desta maneira e impedir a comunicação social de fazer o seu trabalho?
Como é possível derrubar casas com gente lá dentro? Que país é este?
E a arquitecta Helena Roseta, com quem nem sempre concordo, mas que desta vez não podia ter senão o meu mais veemente apoio e solidariedade, que se ponha a pau, que pelo caminho que isto leva, ainda vai parar atrás das grades de Tires... Para já, o meu abraço para ela, que tem aquela capacidade e genica para liderar que julgo, todos lhe reconhecemos.

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