05 agosto, 2006

A aritmética da guerra


Parece que há cá no burgo, quem se preocupe com a exactidão dos números da guerra. Há quem queira saber com exactidão quantas crianças morreram em Caná. Afinal, parece que não foram 34, mas "apenas" 17 as crianças mortas naquela cidade.
Nenhuma delas é familiar de José Manuel Fernandes.
É claro que eu não quero que nada de mal aconteça a nenhuma criança só porque ela é familiar deste senhor. Mas convém que ele saiba que, para quem tem filhos, netos, sobrinhos ou simplesmente para quem gosta de crianças e ama a vida e quer um mundo melhor, tanto faz que tenha sido uma ou um milhão. É igual.
Nem que fosse apenas uma criança já era demais. A responsabilidade moral, para mim é perfeitamente igual. Porque Israel sabia que estavam ali crianças! Sabia que só por mero acaso não morreriam crianças naquele ataque. E mesmo assim não se coibiu de efectuar aquele ataque e outros como aquele.
Ao 25º dia de guerra as reportagens de televisão mostram um Líbano com cidades e aldeias completamente devastadas. O número de refugiados vai aumentando todos os dias. Mas há sempre quem resista. Há quem prefira morrer na sua casa a fugir para terra alheia. E tem razão. Afinal porque é que uma pessoa inocente tem de deixar uma vida inteira para trás? Porque há um grupo militar chamado Hezbolah, que não tem rosto, mas que se instalou no Líbano há mais de 20 anos, e raptou dois soldados israelitas e se recusa a entregá-los a troco de nada. Quantos soldados palestinianos estão nas mãos de Israel?
Não consigo ter esperança... e é a pior coisa que me pode acontecer é não ter esperança, uma vez que sou uma optimista.
Nem os israelitas acreditam nesta guerra. Há quem já nem ligue às sirenes de aviso e não se refugie em lugar nenhum. "O que tiver que ser será"... O Hezbolah vai continuar a retaliar os ataques do maior exército do médio oriente. Continuará a resistir porque tem convicções, que podem parecer ridículas para os ocidentais mas que o não são para eles. Foi assim que o Vietnam ganhou a guerra! Com muita convicção e equipamento roubado ao inimigo.
Não estou interessada em saber quem ganha esta guerra. Porque todos perdemos. Só há uma maneira de não perdermos mais ainda: parar já esta guerra, sem contrapartidas de lado nenhum. Apenas se exige bom senso a Israel e aos EUA e ao Hezbolah. Sentem-se e conversem. E a Europa que não se ponha em biquinhos de pés como de costume... O senhor Bush não é o dono do mundo, por muito que a sua esquizofrenia o tenha convencido disso e que a senhora Rice diga que sim...
Para que não morram mais crianças. Porque uma já teria sido demais!

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta guerra parece não ter fim à vista, pelo contrário, parece-me que muitas mais vidas inocentes se vão perder, já que a resolução que a ONU se prepara para aprovar só tem em vista os interesses de Israel e não tarda nada a Síria e o Irão entram directamente na guerra e aí as coisas vão se complicar mesmo.
Por outro lado, os USA já estão tentar meter-se em Cuba "ainda nem morreu o Fidel"......