11 agosto, 2006

Amo-te pai.


Todos os dias a saudade me rói. Passados sete anos, todos os dias acordo com a mesma dor. Uma dor que não chega a doer, porque a saudade o torna tão presente, que logo logo, a dor passa... porque no fundo, ele está comigo, como sempre esteve.
Foi, é, o homem da minha vida. Ensinou-me tudo o que sei. Tudo o que importa realmente. Tudo o que as crianças devem aprender no jardim de infância, foi ele que me ensinou.
Que a honestidade é a coisa mais importante da vida. Que devemos começar por ser honestos connosco para o podermos ser com os outros. Que é muito importante brincar. Com tudo... sobretudo com coisas sérias. Que é importante rirmos de nós mesmos. Só assim nos damos o posterior direito de rir de outros. Que a maior parte das vezes não vale a pena mentir... mas que muitas vezes as pessoas não querem saber da verdade. Que temos o dever de rir e fazer rir... Que devemos cantar no meio da rua se nos apetece cantar. Que se temos de estar sós para chorar, devemos procurar a solidão. Que não temos que aturar toda a gente só para sermos educados. Que devemos mostrar o que sentimos, seja amor, raiva, ódio... porque é a única maneira de nos livrarmos dos sentimentos que incomodam. Que é preferível ser feliz sózinho que manter uma relação só por medo da solidão. Que na verdade, a solidão não existe quando se vive rodeado de livros...
Tantas outras coisas que ele me ensinou... Que posso acrescentar um ponto a uma estória se ela ficar mais engraçada com isso. Era um contador de estórias. De tal maneira que eu nunca soube as que tinham realmente acontecido, as que continham alguma verdade e as que eram totalmente inventadas. Para mim, são, sempre foram completamente verdadeiras e reais.
Quando tenho muitas saudades, visto uma peça de roupa dele e a sensação de que estou nos seus braços, no seu colo como quando era miúda, é tão forte que a saudade se vai, porque ele está aqui, junto de mim, a ver-me enrolar o cabelo nos dedos, porque estou morta de sono, mas não quero dormir, porque cada minuto que passo longe dele é um minuto perdido.
Como te amo pai!

1 comentário:

Anónimo disse...

Que banho de ternura ao ler o texto dedicado ao seu pai..
Que ode ao Amor, escrito por quem, há tempos, também escreveu que não acreditava no amor!
O Amor dispensa as palavras.Com excepção das que saem do coração.
Eduardo