Um blog do dia a dia, com muitas estórias, alguma poesia, música, fotografia, crítica, comentários... para desabafar, porque sem um grito ninguém segura o rojão!
31 agosto, 2017
"Um lugar deve existir;
Uma espécie de bazar;
Onde os sonhos extraviados;
Vão parar"
O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Ou se vou perder
É por debaixo dos pano...(2x)
É debaixo dos pano
Que a gente não tem medo
Pode guardar segredo
De tudo que se vê
É debaixo dos pano
Que a gente fala do fulano
E diz o que convém...
É debaixo dos pano
Que eu me afogo
Que eu me dano
Sem perder o bem...(2x)
O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Ou se vou perder
É por debaixo dos pano...(2x)
É debaixo dos pano
Que a gente esconde tudo
E não se fica mudo
E tudo quer fazer
É debaixo dos pano
Que a gente comete um engano
Sem ninguém saber...
É debaixo dos pano
Que a gente
Entra pelo cano
Sem ninguém ver...(2x)
O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
O que a gente faz
É por debaixo dos pano
Prá ninguém saber
É por debaixo dos pano
Se eu ganho mais
É por debaixo dos pano
Ou se vou perder
É por debaixo dos pano...
É debaixo dos pano
Que a gente esconde tudo
E não se fica mudo
E tudo quer fazer
É debaixo dos pano
Que a gente comete um engano
Sem ninguém saber...
É debaixo dos pano
Que a gente
Entra pelo cano
Sem ninguém ver...(2x)
aqui pelo portugal dos pequeninos mantêm-se os honestos trafulhas que criticam os grandes trafulhas sem perceberem que grande ou pequena, a trafulhice é a mesma. talvez a grande diferença esteja apenas no talento. tanto para as artes como para a mentira, pequena e grande trafulhice só resultam com talento. e os chicos espertos espalham-se ao comprido. resta-lhes pois falarem dos grandes aldrabões esquecendo-se que a única diferença são os montantes envolvidos.
o homem pediu um dia de folga ao seu superior que lhe explicou que naquele dia não podia ser. havia gente de férias e falta de pessoal. o homem no dia seguinte ligou para o emprego e avisou que se tinha magoado num pé e portanto não podia ir trabalhar... depois foi jogar futebol com os amigos, fez um vídeo e publicou no facebook... que génio da trafulhice! claro que no dia seguinte a declaração que apresentou no trabalho não foi aceite: o chefe tinha visto o vídeo no facebok.
outro homem decide que pode ganhar dinheiro sem sujar as mãos. decide arranjar trabalho a quem quer que seja (pedreiros, carpinteiros mecânicos) desde que estes lhe paguem dez por cento do serviço prestado. segundo ele não está a explorar ninguém uma vez que explica aos "agenciados" que devem cobrar aos clientes a percentagem dele. golpe de génio não e?
este é o pais dos pequeninos que se pudessem aplicavam golpes tão grandes como os tubarões que criticam. o pais dos trafulhas. dos honestos trafulhas.
27 agosto, 2017
recados de italia (1)
italia tem recebido milhares de refugiados assim como a grecia. a união europeia fala fala mas não os vejo fazer nada... e isso chateia-me como diz o raj. mas adiante. conheci o jovem malik oriundo do burkina faso que conta uma estória de ir as lágrimas. o seu pais não e exactamente a siria ou a turquia mas os sonhos dos jovens são todos iguais. a europa `e o sonho americano para estes miúdos africanos. malik dormia na estação de pavia como todos os outros clandestinos. quis frequentar o ginásio para praticar pugilismo mas não tinha documentos e portanto não havia pugilismo nem sonho para malik. aqui entra uma jovem italiana que pratica a modalidade. malik aparecia todos os dias no ginásio decidido a vencer quem lhe negava o sonho pelo cansaço. a jovem italiana falou dele à mãe que decidiu falar dele aos amigos. e assim se formou uma corrente solidária. malik foi adoptado por uma família luso italiana que lhe arranjou trabalho e lhe deu casa. pratica pugilismo no ginásio. está integrado na sociedade tanto quanto um muçulmano pode estar integrado numa sociedade europeia.
fez 3 horas de viagem depois do trabalho para me conhecer. olhou-me como quem olha para a mãe que deixou em áfrica. ofereceu-me uma refeição e tratou-me como os africanos tratam os "mais velhos". e eu senti que a minha viagem valeu a pena.
Palavras para a Minha Mãe
mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz. sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.
pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.
às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo, a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.
lê isto: mãe, amo-te.
eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.
com as mãos atrás das costas o homem hesitou três ou quatro vezes antes de entrar. a sala estava cheia de gente e ele hesitava. de repente decidiu-se. avançou entre as pessoas e mostrando finalmente as mãos entregou-me uma rosa vermelha. creio que nem me ouviu agradecer. rapidamente saiu. creio que corou mas pode ser apenas impressão minha. apareceu depois outras vezes. sem flores. esta semana voltou e dirigiu-se a mim "se soubesse que estava cá tinha trazido uma flor".
reparei mais uma vez nos seus belos olhos azuis e creio que pela primeira vez olhei para as suas mãos: delicadas. mãos de quem gosta de oferecer flores. mãos que não esquecem a mulher com quem dividiu a vida; no dedo mindinho a aliança dela e no anelar a sua. e de repente desejei deixar por cá alguém que me lembre desta maneira. oferecendo flores a outras mulheres.