04 agosto, 2010

recado entregue

quero escrever e não sai nada. existe dentro de mim um vazio. maior do que o costume. uma raiva contida e adiada. dentro de mim há alguma falta de paciência e eu não quero que ela me falte. não quero como se diz em português vernáculo perder as estribeiras. e dentro de mim sei que não a vou perder. a paciência. lidar com falsos excêntricos é a minha especialidade. bem. uma delas. e depois a louca sou eu. mas às vezes é preciso respirar fundo e contar até cem para não dizer o que não devo. amarram-me normas e regras. mas são apenas laços. não são nós. nós. eu tu ela. nós. laços difíceis de desatar. não gosto de me sentir atada. não gosto de vírgulas. para mim é tudo ou nada. por isso é tão difícil tentar o meio termo. entrar numa sala onde a conversa se interrompe no mesmo instante. coisas de gente que diz que fala na cara mas a verdade é que não o faz com toda a gente. o silêncio instala-se. sinto que sou a única pessoa a lidar bem com a situação. no ar um cheiro a cobardia. a comprometimento. e silêncio. para disfarçar passa-se a cantarolar a canção no rádio. mal a outra sai a conversa recomeça. afinal nem todos somos surdos. é uma estupidez falar nas costas dos outros de porta aberta. é uma estupidez falar dos outros com a porta fechada e interromper a conversa quando entram. hoje o dia não foi pior que os outros. só não gosto de gente sonsa. disfarçada de rebelde. mas fico. quem está mal que se mude. o recado está dado.

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