Antiga
cantiga
da amiga
deixada.
Musgo da piscina,
de uma água tão fina,
sobre a qual se inclina
a lua exilada.
Antiga
cantiga
da amiga
chamada.
Chegara tão perto!
Mas tinha, decerto,
seu rosto encoberto...
Cantava — mais nada.
Antiga
cantiga
da amiga
chegada.
Pérola caída
na praia da vida:
primeiro, perdida
e depois — quebrada.
Antiga
cantiga
da amiga
calada.
Partiu como vinha,
leve, alta, sozinha,
— giro de andorinha
na mão da alvorada.
Antiga
cantiga
da amiga
deixada.
(Cecília Meireles)
Sem comentários:
Enviar um comentário