Foi assim o 1º de Maio em Évora. Pela manhã em plena praça do Giraldo, uma manifestação pelo emprego, pela estabilidade, contra as políticas deste governo que fazem com que o desemprego seja cada vez maior e a estabilidade nenhuma.
CC tem 30 anos e sem a ajuda dos pais não poderá nunca constituir uma família. Anda de terra em terra, quando tem emprego. O que sabe fazer? É actor. Dos bons. É um tipo inteligente, bem humorado, carinhoso, sempre pronto a ajudar todos. Trabalha quando tem emprego. Agora tem: por 3 meses. Em Évora. Há anos que a sua vida é assim: com a casa às costas.
Mas agora, não são só os actores que vivem com a casa às costas. Os professores, com uma ou várias licenciaturas, andam com a casa às costas.
ED tem 25 anos e é casada há 2 e meio. Professora de matemática, com a casa em Santarém, este ano foi colocada (e a sorte que ela teve!) em Olhão. Para substituir uma colega. Por um mês. Teve sorte: a colega estava grávida e continuou depois com licença de parto. Neste momento já não tem um horário completo, mas apenas 6 horas semanais (€ 300,00 mensais): as que a colega não faz por direito à redução de horário por maternidade. Para o ano ED não sabe como vai ser. Está disposta a deixar a carreira do ensino e tentar outros caminhos. Se calhar outra licenciatura que não lhe dará qualquer saída, porque teve o azar de fazer parte da geração dos € 500,00...
Vi poucos jovens na manifestação Mayday. Será que estão tão cansados que não aparecem? Ou têm apenas a lucidez de perceber que não vamos lá com manifestações... Este governo está-se nas tintas, para os jovens e para os velhos e para os menos velhos. Está-se nas tintas para as pessoas. Este governo só trabalha para números: do deficit.
Enquanto isso continuamos a ter em Portugal um deficit de VIDA. E não é com palavras de ordem, nem com manifestações, nem com cravos que mudamos o que quer que seja!
Como dizia a mulher com quem o José Mário Branco falou, "é preciso deitar tudo abaixo e começar de novo!"
2 comentários:
Recomeçar é sempre uma solução a levar em linha de conta.
Abraço.
Deitar tudo abaixo e começar de novo, não sucede numa geração, e este problema, esta apatia, este desinteresse, sucede e limita esta geração. O avolumar de situações calamitosas já ultrapassa as competências e potencialidades de qualquer governo e é urgente compor o que parece já não ter compostura.
Como? É a questão que martela a consciência e a inconsciência de todos. A única forma que consigo imaginar, com possibilidade de surtir algum efeito a curto prazo, é a auto-reeducação. Educarmo-nos a deixar de depender de um largo numero de aparelhos e de bens de consumo, que nos parecem imprescindíveis, mas que ha escassos 10 anos atrás, não existiam nas nossas vidas. Parece-me que passa por uma questão de começar. Começando, a causa produzirá efeito e esse será maravilhosamente melhor que penar para conseguir ter aquilo que não constitui motivo ou argumento de satisfação.
A outra hipotese é eu ser um utópico e estar redondamente enganado.
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