07 maio, 2007

Estrela da Tarde


Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca tardando-lhe o beijo morria.
Quando à boca da noite surgiste na tarde qual rosa tardia
Quando nós nos olhámos, tardámos no beijo que a boca pedia
e na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.

(José Carlos Ary dos Santos)

1 comentário:

Bartolomeu disse...

Aqueles encontros em que a pessoa esperada se atraza... têm a vantagem de quebrar as etiquetas.
O desejo do encontro, associado à incerteza da chegada tardia, levam directamente os (encontrantes) para a "casa dos brinquedos", sem passar pela "casa da bica".
digo eu...