10 dezembro, 2006

Meu amor, meu amor


Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura
meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

(José Carlos Ary dos Santos)

1 comentário:

Unknown disse...

Este, o grande Ary dos Santos, enorme, portentoso, de cuja fonte as águas brotavam caudalosas,violentas, imparáveis, cristalinas, musicais, mostrando como os grandes se assemelham aos deuses.Digo este...porque me lembro do outro, que eu detestava, o que punha a sua poesia ao serviço de certa ideologia, que eu combatia politicamente e que não defendo. Mas isso são águas passadas, que hoje não têm sinceramente nenhuma importância para mim.
Boa ideia esta de o Ary nos visitar, tão amorosamente.

Eduardo Aleixo