POEMA
Quantas vezes nasci?
Quantas vezes morri?
Por que países nunca vistos
Semeei o meu silêncio,
O meu olhar de espanto?
Toca, Vivaldi,
Enquanto me lembro,
Sem esforço em me lembrar,
Quantas vezes comecei a minha vida
Olhando para o mar...
É noite.
Lisboa submerge em nevoeiro.
Nas ruas, o inferno dos motores.
Já trabalhei,
Mas só agora me apetece trabalhar:
Criar um espaço de luz.
Uma baía de inocência.
Uma roseira de palavras intocáveis.
O sorriso da cidade a consruir.
Tão longa ainda a caminhada!
Tão distante ainda a paz!
Tão inevitável por vezes a raiva!
Tão difícil a coragem da sinceridade!
Tão longe ainda a Primavera!
Mas toca, Vivaldi...
Eduardo Aleixo
3 comentários:
E tão facil emocionares-me até às lágrimas!
ESte sempre foi um dos meus poemas preferidos...
Beijo da filha
Rita
Que lindo!
Enviar um comentário