construo cenários faço esboços e rascunhos junto tudo e deito tudo fora ou. às vezes guardo linhas soltas à espera que um dia se tornem textos e sei que não jamais se tornarão textos eu não sei. fazer textos só rascunhos apenas coisas que sei que amanhã estarão escondidas no fundo do baú da minha memória e eu já sem memória dessas memórias dos cenários dos rascunhos da vida que afinal me disseram que vivi devagar e eu a pensar estás enganado abreviei tudo como as pessoas que lêem em diagonal para andar mais depressa e mais e mais e eis-me chegada ao ponto. sem retorno. sem memória. esqueci gente que me sorriu e me falou mesmo sem saber que eu era apenas virtual não mais que um cenário um rascunho de gente que ainda assim me falava escrevia ligava com ou sem fio e quando com fios eu apenas uma boneca articulada. mal articulada. uma coisa assim desengonçada sem saber porque alguém fala com ela. claro as pessoas são simpáticas. sobretudo com as bonecas de cenário aqueles rascunhos que hoje morenas daí a nada ruivas a gente muda-lhes a cor do cabelo e dos vestidos (a minha cabeça... quais vestidos) trapos sim trapos cosidos com outros trapos como remendos de cenários rascunhos de gente que pode ser tenha passado na minha vida e a minha memória ai doutora a minha memória a senhora desculpe mas não me lembro de si para falar verdade não me lembro de nenhum doutor simpático todos sérios todos sisudos a senhora desculpe mas tem a certeza que é doutora tem a certeza que é assim amável e conversadora? veja lá não seja apenas mais um rascunho num cenário que amanhã estará no lixo da minha memória.
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