sem perceberes estás tu mesma a construir o jogo em que havemos de jogar a vida. como uma roleta russa e não sei porque é que tendo consciência absoluta de que vou jogar e acabarei por perder não perco o sono. antes pelo contrário. de cada vez que penso na tua próxima jogada durmo ferrada. apesar de saber que acabarei por jogar segundo as tuas regras. e tento antecipar o que me levarás a fazer e apesar da loucura que sei que vou cometer estou pronta. como se precisasse de virar a minha vida do avesso. eu que até estava tão sossegada tão tranquila de repente ponho-me a reinventar um mundo só de nós. uma linguagem só de mim. uma resposta só para ti. uma espécie de código que contém a cilada onde acabaremos por cair. e não me preocupo. e é isso que me preocupa. o facto de não conseguir preocupar-me. o facto de saber que me devia preocupar apesar de não ter nada a perder. mas afinal estou finalmente a ser eu mesma. a deixar-me levar pelos teus sonhos e ignorar completamente todas as regras de bom senso. cansei-me do bom senso na minha vida privada. como de outras vezes. não será esta a primeira. de cada vez que deixo o meu lugar privilegiado de espectadora e decido entrar em cena acabo por sair mal na fotografia. mas desta vez ainda sairei pior. muito pior. não sei mesmo se este jogo não será o derradeiro. aquele que me fará parar de uma vez e deixar-me planar como se a vida fosse algo que me é completamente alheio. mas antes disso. antes disso. antes de ter a certeza de que isso vai acontecer. tenho que te dizer sim. e mergulhar.
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