19 outubro, 2008

às vezes até me esqueço que tenho saudades


cheguei há pouco da vila morena do Zeca onde almocei uma bela moamba feita pela Filomena mulher nascida e criada na Cela em Angola. uma moamba que até parecia que estávamos na terra com um belo pirão. pois é. na vila morena do Zeca que também gostava tanto de África. e quando a Filomena e o marido partiram de regresso para a Covilhã fomos dar uma volta a pé pela vila. não passava por lá há mais de 10 anos e confesso que sendo uma terra agradável perdeu muito do encanto típico de vila alentejana. casas com portadas e janelas debruada a azul quase não vi. construíram-se prédios embora de 3 andares e a a arquitectura está um pouco misturada mas enfim... é o sinal dos tempos. por muito que tenha saudades da velha Grândola sei que ela não volta. foi uma coisa que eu gostei de ver na nova aldeia da Luz foi o manter a tradição da aldeia com as suas casinhas brancas e debruadas a azul ou amarelo. mas às tantas não tarda nada está também descaracterizada. basta a invasão dos supermercados para destruir a paisagem. agora do que eu gostei mesmo foi de encontrar no meio da rua um amigo daqueles que fazemos nos pubs. há anos conheci-o num pub. conversámos os dois a noite toda e chegámos à conclusão que nenhum de nós acreditava no amor. o que para mim foi fantástico porque ainda não tinha encontrado ninguém que pensasse tal como eu que o amor foi criado como uma religião para ajudar as pessoas a suportar um dia a dia que de outra maneira seria insuportável. bebemos muito é verdade. falámos durante muitas horas até amanhecer. depois um dia fui a casa dele em Sines assistir (esqueci-me de dizer que este alentejano é músico e de muita qualidade) à gravação que ele tinha do concerto Graceland na África do Sul. estivemos à conversa mais umas horas desta vez sobre música. há cerca de um ano encontrei-o na festa de aniversário de um amigo comum. hoje soube que ele abriu em Sines o Musical Bar e estou inquieta para lá ir... porque gosto muito deste alentejano doce e calmo que toca como tenho visto poucos tocarem instrumentos de corda. e nem me tinha apercebido das saudades que tinha dele...

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