estive contigo faz hoje precisamente 7 anos. nunca mais te vi. por medo. por cobardia. por não te querer ver a perder a beleza dia a dia logo tu que eras tão vaidosa e tão bonita apesar da tristeza que carregavas quase sempre no verde dos teus olhos. as torres gémeas caíam em directo na TV sem que eu percebesse o que se passava exactamente porque estava mais interessada naquilo que tinhas para me contar. para me espantar dia a dia com a tua esperança de viver quando eu te via definhar dia a dia. difícil amiga. muito difícil ouvir-te falar da doença como se falasses de outra pessoa qualquer. tu estavas ali por engano. as análises tinham sido trocadas. nem te passava pela cabeça que os teus filhos ainda tão pequenos te haviam de perder. acho que nunca puseste essa hipótese. entretanto decidi fazer uma viagem. tinha perdido a minha irmã há uns meses. lembras-te que eu te visitava a ti numa ala do hospital e a ela noutra no mesmo dia? todos os dias. mas a 11 de Setembro a minha coragem terminou. percebi que te queria recordar linda e não o farrapo em que te estavas a tornar e que recusavas ver no espelho. gostava de te poder falar dos teus filhos do teu marido dos teus pais. mas nunca mais ninguém soube nada deles. acho que deixaram de vir a Lisboa. hoje é só mesmo para te dizer que penso em ti todos os dias e que tenho muitas saudades tuas. mas acho que não ias gostar de continuar onde estavas. o mal que te fizeram e que a todos espantou na altura hoje não espantaria ninguém... só para que vejas como tudo piorou. e tu assim pelo menos não tiveste que sofrer outra vez. beijos amiga. até um dia destes. a gente vê-se por aí.
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