27 julho, 2008

Memórias de Março


Quando amanheço... leito manso e lento
Nesta manhã sob este sol silente
A cidade desperta calmamente
Ao meu olhar atônito e em tormento.

Uma canoa tangida pelo vento
Com as lembranças da última enchente
Em mim desliza e a cidade sente,
À margem, nos degraus, um leve alento.

Mas a tristeza morre neste instante
Quando, no Pontal, o Itacaiúnas
Vem, farto de canoas, desaguar...

E sou, portanto, este olhar brilhante
Cheio de lembranças, de botos, de buiúnas...
Que corre lento assim de encontro ao mar...

(Abilio Pacheco)

1 comentário:

  1. Olá, Eduarda,

    Obrigado por publicar este meu poema. Agora ele foi publicado em um livro chamado "mosaico primevo".
    Quando puder, visita o blog do livro:
    mosaicoprimevo.wordpress.com

    Abilio Pacheco

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