Nos meus tempos de liceu, tive uma professora de matemática cujo maior prazer era pôr as alunas a chorar. Muita gente dizia que era boa professora, mas a verdade é que eu só recordo o facto de ela ter tanto prazer em pôr as alunas a chorar.
Tinha uma colega de nome Ana que ficava na primeira fila da sala ao centro. Era uma pequena enfezada com os cabelos enormes e encaracolados e um tom amarelado de pele, como costumam ter as pessoas doentes. Para além de tudo isto, recordo que ela não mantinha relacionamento com qualquer colega, era um bicho do mato perfeito e quando eu tentava dirigir-me a ela porque me fazia impressão aquela timidez tão acentuada ela corava e arranjava maneira de se pirar sem quase falar comigo.
Ana era a vítima preferida da Drª Laura na minha turma. Aula de matemática em que a rapariga não ficasse a chorar não era dia para a professora.
Todas tínhamos portanto razões para não querermos chamadas orais com aquela senhora. Uma vez fez-me uma pergunta muito simples sobre o teorema de Pitágoras. Como se chamava o triângulo. E eu, embora soubesse perfeitamente a resposta respondi que era um triângulo cateto. Ela, que já tinha sido professora da minha irmã sete anos antes e que a tinha chumbado com muito gozo à sua disciplina, obrigando-a a repetir Ciências, contou a estória do cateto ao liceu inteiro. Porquê? Porque eu em vez de me pôr a chorar como ela queria, desatei a rir...
Ainda hoje tenho o costume de rir quando alguém me faz uma maldade... são maneiras que cada um de nós arranja para se defender...
Será que a Ana conseguiu ao longo da vida arranjar alguma defesa contra este tipo de gente?
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