09 março, 2008

Não parece mas é para a minha prima Julieta.


Pois é. Fui visitar-te e voltei completamente destroçada com a tua raiva contra o mundo. Eu sei que partes sem teres cumprido nenhum dos teus sonhos. Mas a gente tem que lutar por aquilo que quer. Não podemos ficar de braços cruzados à espera que nos caia no colo. E também não gosto dessa tua maneira desdenhosa de falar das pessoas, de "escalões sociais". Minha querida, convence-te por uma vez que não somos melhores nem piores do que ninguém. Vê se percebes que as pessoas não valem mais por terem tirado cursos superiores, terem dinheiro, ou terem "sangue azul".
Minha querida: o sangue de todos nós é vermelho... e repara que quem mais tem cuidado de ti é essa mulher simples e correcta que é nossa prima e que só hoje conheci. De resto devo dizer-te que há muito tempo ninguém me cativava como essa mulher de porte simples e direito, que tira do pouco tempo que tem, o necessário para ir cuidar de ti.
Mas tu trata-la como se trata um serviçal. Isso não está certo minha amiga. O que ela faz não é por dinheiro. Ninguém lhe paga para cuidar de ti com o desvelo com que ela o faz. Mas ela faz. Olha que não vi ainda ninguém dos teus supostos amigos intelectuais de sangue azul, abalarem-se de suas casas para se despedirem de ti.
Por isso venho triste. Porque vejo que afinal nem a proximidade e consciência do fim faz com que compreendas o mundo que te rodeia. Eu sei que tens muitas mágoas. Mas ninguém pode viver de mágoas uma vida inteira.
Tomara que possas ainda perceber a tempo o erro que estás cometendo e faças justiça a essa mulher fantástica que é a Julieta.

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