Enquanto caminho vou pensando nos que passaram pela minha vida e se ausentaram dela para sempre... será? Na verdade a gente não pode ter certezas de nada.
Segismundo era uma figura muito conhecida em Luanda. Pelo menos na cidade alta. Com um corpo franzino e baixo, uns olhos de uma azul impressionante, trabalhava numa oficina de mecânica automóvel e por isso passava o dia com um fato macaco azul cheio de graxa dos carros. Mas ao fim do dia, o Segismundo ia a casa, tomava o seu banho e aparecia todo pimpão para conversar com os amigos numa das esplanadas da cidade.
Alguém sempre lhe pagava uma bebida e enchia-lhe a cabeça de sonhos em relação a miúdas que estavam de beicinho por ele. Então Segismundo inteirava-se de quem era a garina e era vê-lo a passear na avenida, olhando para a varanda a ver quando aparecia a sua amada e assobiando com o ar mias feliz deste mundo.
Mas quando ia passear com a sua mãe, Segismundo nem olhava para o lado. De braço dado com ela sentia-se o orgulho que tinha de ser seu filho.
Aqui há uns anos o Barrábas tentava a arrumar o carro para ir à antiga FIL e apareceu-lhe o Segismundo. Muito envelhecido, ainda assim reconheceu-o e deixou-o um bocado sem saber o que fazer perante uma manifestação de tanta felicidade da parte do arrumador de carros, enquanto os seus colegas passavam pensando com certeza que o rapaz tinha bons amigos.
Pois é Barrábas. Só o Segismundo para se lembrar de tudo apesar de todos acharmos que ele tinha sete alqueires mal medidos.
Gostava de o voltar a ver... ao Segismundo. Mas se ainda for vivo que será feito dele sem a mãe para cuidar dele?
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