acordaste-me pelas 8 da manhã e pela primeira vez vi-te sem bigode. Abraçaste-me simplesmente com muita força (ainda sinto a força do teu abraço) e nada disseste. Olhaste-me durante muito tempo e o teu cheiro, os teus beijos, os teus abraços inundaram-me de alegria.
Depois vi-te como eras pouco antes de partir, como sempre te conheci, de bigode. Tinhas também os óculos como quem se prepara para ler como adoras fazer. Como tu, também eu preciso de óculos para ler. Quem sai aos seus...
De qualquer modo foi tudo tão real que eu tive muita dificuldade em considerar que foi apenas um sonho. Lembro-me de pensar, afinal há fantasmas e ainda bem que há, ainda bem que estás aqui, agora sei que não me abandonaste nunca, que não me abandonarás jamais.
Já me disseram que eu estou a impedir-te de partir com as minhas lágrimas. Mas não é verdade. Eu sei que tu partiste e se voltas é porque sentes necessidade de me visitar nos meus sonhos, porque sabes que eu preciso de ti, cada dia mais, da tua sabedoria, da tua ternura, das nossas conversas, sobre tudo e mais alguma coisa, das nossas brincadeiras com tudo e com todos, um dizia mata o outro respondia esfola e estavas sempre lá quando precisava de ti. E agora que preciso tanto, tu voltaste e sei que não me deixarás só num momento tão difícil como este. Sei que estás por perto, para me ajudar, para que eu saiba que jamais me deixarás, para que eu recupere um pouco da alegria que perdi com a tua partida, e depois a mana e depois a Dulce e aquela que eu não consigo ainda dizer o nome porque está a fazer um ano e eu ainda não consigo acreditar...
Eu sei que estás aqui pai, guiando os meus dedos por estas pequenas prosas, guiando os meus passos em todas as pequenas coisas que tenho que fazer no dia a dia, em todas as decisões difíceis és tu que estás aqui, és tu que ainda me aconselhas, és tu ainda a pessoa que eu ouço...
Foi tão bom ver-te de novo e saber que estás bem, pai.
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