Estamos no ano da graça de 1977, em Ponta Delgada e aguardo que os reis magos cheguem em toda a sua sabedoria com a prenda que me foi reservada... espero acompanhada da minha amiga Gena que não me larga um segundo, na sua sabedoria de médica e mãe, me vai dando conselhos para que os reis magos possam entregar o meu presente sem sobressaltos.
De facto faltam 3 minutos para a meia noite quando chegam, os três, transportando a minha prenda: um menino, o meu primeiro menino, que amo há muito, para quem canto há muito, todos os dias "sem fantasia" de Chico Buarque, que espero sem saber que será um rapazinho, pensando que é mais uma menina como é tradição na família, o enxoval praticamente todo cor de rosa, e ele nasce com cara de rapaz, nem a chupeta cor de rosa engana quem quer que seja...
Olho-o e pego-lhe, digo o que penso, que bebé tão feio, de facto nasceu bastante inchado como a maioria dos recém nascidos e nem o facto de ser meu filho como diz a parteira chocada com o meu comentário e a quem respondo, é meu filho mas é muito feio...
Era sim, quando nasceu. Mas bem depressa se fez um bonito bebé e hoje um homem bem bonito.
Hoje almoçámos juntos, mais a minha mãe, a minha nora, e o meu neto mais velho, sobrinho deste filho que nasceu para cuidar de crianças, que sempre gostou de crianças, que assim que os irmãos chegavam ao primeiro ano de vida dizia que queria mais um mano...
Ao fim da tarde falei com a Gena... chegámos à conclusão que é muito bom, passados 31 anos, continuarmos a ser amigas e a falar embora vivendo a 300 km de distancia...
Já estamos em 2008... e agradeço hoje o presente que os reis magos me deram há 31 anos. E por isso me sinto abençoada, e por isso nada de mal nunca me poderá acontecer, porque fui abençoada por três meninos que hoje são homens, que me deram (e ainda dão) muito trabalho, mas que serão sempre, juntamente com os seus filhos os amores da minha vida. Sempre.
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