Ouço um homem que está a atender uma chamada ao telemóvel, dizer com ar realmente satisfeito, que bom teres ligado, há quanto tempo, que milagre... também eu sinto muitas vezes saudades dos meus amigos mas por uma razão ou por outra nem sempre podemos estar juntos. Confesso que é muito mais frequente serem eles a ligar-me. Eu tenho alguma antipatia por falar com alguém a quem não vejo o rosto. E não creio que a terceira geração (que de resto parece que deu em nada) venha resolver o meu problema. Não é apenas o rosto, são os pormenores, os olhares, os sorrisos, a ira... nada disso se consegue ver num pequeno ecrã.
Mas voltando ao homem. Não sei se falava com um homem ou com uma mulher uma vez que tratava a outra pessoa por "pá". Mas às tantas dizia-lhe, eh pá estamos no século 21, o preconceito parece mal... Pois é, pá: parece mal, agora digo eu comigo mesma, parece mal, mas existe. E é porque existe que as pessoas escondem que têm na família homossexuais, (ainda ontem me cruzei com uma amiga que é lésbica e não me cumprimentou com dois beijinhos como é costume, porque eu estava acompanhada e ele não sabia se a pessoa que estava comigo sabia ou não das preferências sexuais dela. Sei que o fez por amizade, para me proteger, mas eu não preciso de ser protegida desse tipo de coisas. As pessoas escondem que há familiares toxicodependentes na família, hoje em dia qual é a família que não tem pelo menos um... escondem até coisas tão inusitadas como o cancro, para já não falar da tuberculose ou da SIDA.
Pois é pá. Marcaram encontro para amanhá às 14,15 horas. Tomara que tudo corra bem e que o homem do século 21, não perceba que tem, como toda a gente pelo menos um preconceito! Nem que seja contra gente estúpida...
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