Enquanto caminho junto ao mar, olhando as ondas que hoje estão boas para o surf, vou pensando na sorte que tenho, no privilégio de poder fazer estas caminhadas com tanta frequência, na sorte de não ter nenhum problema grave (pelo menos que eu saiba) de saúde, em ter uma família que se ama, embora vivamos todos um tanto afastados, mas isso também tem um lado bom que é o facto de nos levar a sentir saudades e a curtir cada um dos momentos em que no encontramos... quando nos encontramos, claro. É mais fácil amar quem está longe de nós, pelo menos pra mim que sou uma solitária e que gosto d ter o meu espaço, onde deixo entrar de quando em vez os amigos amados.
E vou caminhando junto ao mar e reparo numa rapariga sentada no paredão como as pernas em direcção ao mar... vejo-a de longe e quando me aproximo reparo que está a chorar, quase paro para lhe perguntar se precisa de ajuda mas de repente percebo que é provável que a única ajuda de que ela precisa é estar ali sentada a chorar, virada para o mar... quantas vezes já o fiz e depois é como se renascesse de novo...
Por isso continuo a minha caminhada, sem sequer me voltar para trás para não perturbar o momento que aquela rapariga está a atravessar e quase certa de que no fim, quando se levantar dali e procurar o caminho de casa, terá alcançado uma paz que eu não seria com toda a certeza capaz de lhe proporcionar...
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