Depois dos 90 anos, a minha avó Julieta caía muitas vezes. Em casa. No corredor. Enfim, caía muito. O seu desgaste já era muito grande, uma vez que trabalhou desde muito nova até ser muito velha, sem que se lhe conhecesse uma doença. Ficou viúva aos 28 anos com dois filhos dos quais o mais velho (meu pai) tinha apenas 13 anos... e acho que se hoje volto a falar da minha avó é porque tenho levado os dias com tantas saudades do meu pai apertando-me o peito... enfim, a minha avó teve que trabalhar duro para educar os filhos e além disso era uma mulher dura a quem não era fácil arrancar um sorriso. Coisas de gente que nasce assim e que leva uma vida muito dura.
Casou de novo e claro que só conheci esse segundo marido, com quem ela lidava como se ele fosse criança... mandava e desmandava como aliás fazia com toda a gente, excepto os filhos e os netos. Com esses era uma manteiga derretida, quase sempre, enfim.
Mas mais tarde contarei outras estórias dela. Hoje só quero dizer que quando contou a um médico meu amigo que não era o António já, pois este já estava reformado, que caía constantemente, ele lhe disse que então talvez o melhor fosse comprar um capacete... qualquer outra pessoa teia achado piada a esta saída mas não a D. Julieta. Essa ficou tão zangada com ele que me proibiu de a levar de novo àquele "manjerico armado em doutor".
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