30 novembro, 2007

Baixar os braços... jamais.


Ana Brandão não passaria de mais uma funcionária pública, mais uma anónima se não tivesse a infelicidade de ter uma doença grave que a deixa prostrada na cama, onde faz praticamente todos os actos imprescindíveis à sobrevivência do se humano, desde a alimentação à higiene. Continuaria a ser uma anónima funcionária pública não se desse o caso de ter sido dada como apta para o trabalho por duas vezes por Juntas Médicas da Caixa Geral de Aposentações.
Da primeira vez que foi dada como apta, apresentou-se ao serviço acompanhada por familiares uma vez que não é capaz de se locomover sozinha nem para ir à casa de banho como já percebemos... esteve umas horas no seu posto de trabalho sem nada fazer, uma vez que nada consegue fazer.
Interveio então sensatamente o senhor ministro das finanças deste nosso tão pequeno país e ordenou que se realizasse uma segunda Junta Médica para avaliar a saúde daquela mulher que ele viu com seus próprios olhos que é incapaz de tratar de si quanto mais de trabalhar...
Agora a segunda Junta Médica dá de novo esta mulher como apta para o serviço. Ela queria cumprir a ordem mas esta manhã não foi capaz de se levantar. Portanto não foi trabalhar...
Quem é capaz de me explicar porque se quer obrigar uma pessoa incapaz, a ocupar um posto de trabalho? Ocupar sim, porque infelizmente ela não pode trabalhar...
Os restantes membros da Junta de Freguesia dizem que se demitirão se esta situação não for resolvida. Não creio que consigam ajudar Ana Brandão com esta atitude tão bonita, mas pelo menos tentam, deitam achas para a fogueira, fazem o mesmo que eu e todos os anónimos funcionários públicos deste país que hoje fizeram greve: não baixam os braços.

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