Caminham de mãos dadas, como gente que se ama, como gente que se quer bem lá vão de mãos dadas conversando. Ambos vestem calças, ambos usam barba e bigode, ambos têm o ar de quem está de bem com o mundo e com a vida... reparo no entanto que dão as mãos apenas em sítios onde há pouca gente, ainda assim fico feliz por esta assumpção da felicidade e pela ilusão que me dão de que o país está a mudar, as mentalidades estão a mudar...
Pode ser que estejam. Mas muito devagarinho.
Reparo que os casais com mais de sessenta anos dão mais frequentemente as mãos que os jovens. Quando vejo como há dias, um casal muito jovem, ela uma mulher nos seus 18 anos mas ele praticamente imberbe na mesma idade, fico muito feliz. Nunca achei que as pessoas devam esconder os sentimentos ou evitar gestos de carinho em público... eu sei que nem toda a gente é capaz de o fazer e eu mesma não gosto de grandes manifestações de ternura que às vezes me fazem. Só gosto quando sinto essa mesma ternura pelo outro(a).
Param junto ao carro e beijam-se longamente. A única pessoa que assiste à cena sou eu. Fico feliz. Ambas vestem calças, ambas têm cabelos compridos, ambas são jovens e lindas... e tive a sorte de assistir a esta cena de ternura. E de repente tenho a sensação de que não estou numa pequena cidade perto de Lisboa mas em Londres, no Soho ao fim da tarde ou coisa que o valha. Sinto-me como se estivesse numa grande capital Europeia, onde as pessoas manifestam publicamente os seus afectos, não se importando com o velho esquema de que quem tem o direito de o fazer são apenas os casais heterossexuais, de preferência os mais jovens (que os outros já não têm idade para isso), embora a realidade prove o contrário, são os menos jovens que não têm vergonha de dizer esta é a mulher que eu amo, este é o homem que eu amo e não, é apenas um amigo, é apenas uma amiga... Não quer dizer que não o sejam também, mas os laços da paixão têm outro alcance não me lixem!
A realidade vai mudando. Um pouco lentamente demais para o meu gosto, mas pronto. Sou eu que tenho que me aguentar à bronca e esperar para ver estes exemplos com mais frequência...
Viva a paixão!
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