Quantas vezes te perguntas o que te move, o que te faz correr, o que te faz sorrir? Quantas vezes meu amor olhas para o lado e vês o que te rodeia, quem está ali de mão estendida à espera que estendas a tua mão para que possamos caminhar no mesmo sentido, não apenas como duas linhas paralelas que agora somos, mas cruzando olhares, sorrisos, abraços... quantas vezes me olhaste durante todos estes anos sem me veres, sem reparares que para além de ti existe um mundo que nem sempre poderá girar à tua volta, porque cada um de nós tem uma vida que pode ou não partilhar, mas que quem não sabe dar também não sabe receber e tu não aprendeste a receber ou só aprendeste a receber sei lá... sei lá o que digo, o que penso quando te olho e já não vejo os olhos que amava, já não vejo o mesmo rosto por quem me apaixonei, já não me apetece ficar parada a olhar-te percorrendo o teu rosto com os dedos como se fosse cega e precisasse de ler-te em braille?
Não. Já não me apetece que o meu mundo gire ao teu redor... tornou-se de repente tão pequenino esse mundo em que eu me sentia bem, porque tu estavas lá e eu gostava de te tocar de te ouvir de me deslumbrar com o deslumbramento que tens de ti mesmo... já não me apetece ficar ao teu lado, agora que te vejo como és realmente um lobo solitário que tenta escapar da sua própria armadilha... que não previu que seria agarrado pelo mundo que criou e que a redoma é de vidro, sim, mas inquebrável e pior que isso, é à prova de som, por isso deixaste de ouvir quem quer que fosse, a tua voz ecoa nessa redoma e tu já só consegues ouvir-te a ti e o reflexo de ti nesse vidro que mais parece cimento armado.
E eu já não sou capaz de dizer meu amor, não agora, já não sou capaz.
Sem comentários:
Enviar um comentário