11 setembro, 2007

Um 11 de Setembro só para mim.

Faço parte do cada vez mais restrito número de pessoas que defende a presença dos emigrantes em Portugal. Na realidade penso que são necessários e que essa necessidade é recíproca, isto é, eles também precisam do nosso país.
Quando me encontro no estrangeiro respeito as regras e o "modus vivendi" da população e se cometo alguma indelicadeza será por ignorância. É por isso que, mesmo defendendo os emigrantes não posso tolerar as atitudes de uma meia dúzia que só servem para que a população não os queira entre nós.
Aqui há uns anos tive uma ligeira altercação com um brasileiro que criticava a morosidade dos transportes em Lisboa (que tudo funcionasse como os transportes não era nada mau...). É que a gente até pode gostar de dizer mal do que temos mas ouvir um estranho dizer mal do que temos é uma afronta. Pelo menos para mim e sobretudo vindo de um cidadão oriundo de um país onde nada funciona melhor que em Portugal. É claro que lhe perguntei logo porque é que permanecia em Portugal sendo isto tão mau. O homem remeteu-se ao silêncio e a altercação ficou por ali.
Hoje, quando fazia o seu trabalho, o revisor do comboio em que eu viajava de manhã, acordou um tipo (eu sei que devia dizer gajo, mas pronto, fica assim) que dormia deitado em dois bancos do comboio e pediu-lhe que mostrasse o bilhete. Ele não tinha bilhete. Era um jovem com cerca de 20 anos e apesar da maneira mal educada como respondeu ao revisor este nem sequer lhe pediu a identificação dando-lhe a entender que não queria que ele arranjasse problemas mais graves. Também não passou o papelinho da multa. Limitou-se a pedir-lhe que se levantasse e que abandonasse o comboio na próxima paragem que o mesmo fizesse.
Até que isso acontecesse o bate boca continuou e quando o homem saiu o tom ficou ainda mais azedo de tal modo que um passageiro decidiu intervir em defesa do funcionário da CP. Quando eu pensava que estava tudo resolvido e que o comboio ia partir o tipo desce da plataforma para a outra linha, pega numa pedra, sobe a outra plataforma e arremessa a pedra que me passa a escassos milímetros da cabeça. Imediatamente houve gente a correr atrás dele mas o gajo era bem ligeiro e escapuliu-se, deixando os perseguidores com um imenso sentimento de frustração.
Não sei de que nacionalidade era o sujeito mas tinha sotaque brasileiro.
E pronto. Foi assim que começou um 11 de Setembro inventado por algum ser superior só para mim e eu para continuar a ter a certeza que o meu anjo da guarda é bem poderoso e não deixa que nada de mal me aconteça.

3 comentários:

Bartolomeu disse...

Corroboro a tua opinião Maria Eduarda.
As emigrantes fazem mesmo muita falta ao nosso país, sobretudo as brasileiras e as de leste.
Nem quero imaginar o que seria, por exemplo o Elefante Branco, ou o Passerele, sem a presença dessas coloridas e desenfastiantes trabalhadoras.
Sabes que eu advogo a lei dos equilíbrios, por isso, se dependesse de mim, tudo o que fosse emigrante homem, era repatriado, ficando exclusivamente as mulheres.
Ora, não te choques com esta opinião Maria Eduarda, basta que reflitas um pouco.
Por exemplo: achas que poderias ser alvo de atentado semelhante ao que sofreste ontem, se em vez de um brasileiro mansarrão e mal educado, estivesse uma brasiuleirinha gostosa, sorridentchi e simpátchica?
É evidente que não!
Pelo contrário, o competente funcionário da CP não faria questão que ela saísse na próxima estação pelo facto de não possuir bilhete, assim como a convidaria a deitar-se num local bem mais confortável que o incómodo banco do comboio.
Queres apostar?

Maria Eduarda disse...

Balha-me deuje!!!!!!!!!. E onde fica "o que é nacional é bom?"

Bartolomeu disse...

Cada coisa no seu lugar querida Eduarda, referia-me ao aspecto da "prestação de serviços", logo... sentimentos à parte.
Quando te doi um ouvido, recorres ao de clinica geral, ou au de otorrino?
hum?