Acordo de madrugada e o peso da solidão sufoca-me. Fazem-me falta as minhas crianças. Como ocupar o tempo que me deixam livre, agora que estão de férias com o pai? Que faço destas noites em que entro no quarto onde deviam estar a dormir e não os tenho? Como consigo adormecer sem antes lhes contar a estória do dia e ouvir a estória inventada pelo mais novo todos os dias. Que falta me faz a tua estória filho, que me faz rir quase até às lágrimas! Como faço para ocupar todo este vazio que sinto?
Ainda não sei que daqui a uns anos esta sensação será de alívio, de dever cumprido, de saudades de os ter junto de mim mas também de ter a liberdade do tempo todo do mundo só para mim. Agora não sei ainda que um dia me sentirei sufocada por esta agitação que agora me falta...
Agora choro porque me sinto só sem as minhas crianças. Agora passo o resto da noite a passar a ferro para ter as mãos ocupadas e o espírito liberto para pensar em como estarão. Se estarão bem, se gostam de estar com o pai que mal conhecem, com a família do pai, com o outro irmão... Sei que não terei coragem de telefonar para saber se estão bem. Não é por medo mas por orgulho, para não dar o braço a torcer, para que ninguém perceba que me fazem falta, que por dentro estou em cacos... para que todos continuem a pensar que sou realmente forte, que a imagem que têm de mim é absolutamente verdadeira, que nunca me vou abaixo, que não há nada que me derrube.
Agora choro com saudades dos meus filhos. De manhã irei trabalhar com um sorriso na cara, para que todos saibam que as saudades não me atingem, que os meus filhos não me fazem falta que passei uma noite descansada... Ainda não sei que um dia quando eles saírem de casa será assim. Ainda não sei que um dia desejarei ficar sozinha comigo mesma. Ainda não sei que há outras formas de viver a vida, de a preencher, um lugar onde as minhas crianças serão homens e continuarão ocupando os seus lugares de crianças dentro do meu coração.
Hoje choro. Só porque ainda não sei...
1 comentário:
Ou chora-se porque vai saber-se.
Vá, eles estão bem e apesar de estarem sempre ainda voltarão sempre.
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