Por isso voltemos ao comboio onde observei atentamente todos os rostos que viajavam voltados para mim. Em nenhum deles vislumbrei aquele sorriso idiota dos apaixonados que, cada vez mais raramente é certo, às vezes vejo.
Vi gente cansada, a dormitar, ao telemóvel sem qualquer expressão especial, a olhar pela janela com ar de quem vai a pensar nas contas por pagar e não a apreciar a paisagem que, diga-se de passagem é bem bonita.
Este é o país que temos. Estes são os cidadãos (e cidadões, também) deste país. Mas, aqui entre nós, quem é que em seu perfeito juízo se pode sentir feliz, sabendo que pode ser espiado e delatado por qualquer coisa que, por mais ínfima que nos pareça, nos pode trazer uma carga de trabalhos, para já não falar na possibilidade, sempre presente, de podermos vir a fazer parte do número de desempregados deste nosso país, tão pequenino. Pequenino mesmo, claro!
Sem comentários:
Enviar um comentário