12 junho, 2007

E é noite de santo António.

Eu até acho o santo António um tipo bem simpático, com aquele ar de "bom serás" com o menino ao colo. É verdade. Mas esta noite do santo era para mim um pesadelo, quando vivia em Alfama, perdoem-me os lisboetas em geral e os amantes do santo em particular.
É claro que desde logo, o santo para mim tem um grande senão que é exactamente a grande virtude para a maioria dos devotos: o facto de ser casamenteiro! Realmente, como é que alguém tão avessa a casamentos como eu, pode gostar desta virtude do santo? E depois acho uma falta de ética um santo pôr-se a advogar uma causa sem ter um contraditório... não está certo. Não acho bem. Discordo. Sou contra!
Saí apenas numa noite de santo António em Alfama e fiquei curada para o resto da vida. Realmente para um bicho do mato como eu, não há nada pior do que multidões pelas ruas, aquele cheiro terrível a sardinha assada, o pessoal de madrugada a fazer figuras tristes com as bedeiras que tomaram... uma neura! Na verdade, da casa da minha avó em Alfama tenho saudade de muita coisa. Mas não das noites de santo António, em que apesar das janelas e das portadas de madeira fechadas, entrava pela casa dentro o ruído e o cheiro das ruas e becos de um dos bairros mais bonitos e castiços de Lisboa. Um bairro que está a morrer apesar da juventude o amar. Porque não há casas em condições de serem vendidas ou alugadas. Pode ser que o próximo presidente da Câmara se digne a olhar para Alfama e para outros bairros típicos de Lisboa antes que seja mesmo tarde demais...
Que tenham uma bela noite de santo António!

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