10 dezembro, 2006

O mar está de um azul quase verão... a luminosidade é perfeita. O Cabo Espichel vê-se nítidamente...
E eu estou aqui para falar do jovens, tal como ontem "não se falou" no Eixo do Mal. E nã se falou, porque conforme o EA me dizia no seu sms eles falavam todos ao mesmo tempo... principalmente a Clara que ontem estava particularmente acesa com o Daniel. E reparem que eu digo "com" e não "contra"... isto é só um pormenor, cá por coisas...
Não li o estudo (sobre os jovens, entre outras coisas sobre a sua alimentação que leva à obesidade) como é bom de ver... aliás fiquei com a impressão de que apenas o Daniel o tinha realmente lido. Os outros como ele dizia, viram-no na diagonal e o encaracolado com gel só leu o "Eu, Catarina", da última personalidade brilhante da literatura portuguesa, Catarina Salgado, ex-senhora Pinto da Costa, que lhe dá o direito neste país de publicar todo o lixo que lhe interessar por uma editora como a D. Quixote! (aqui para nós, será que isto seria possível se a Snu não tivesse sido assassinada em Camarate?)
Mas por agora voltemos aos jovens. Como não posso falar do estudo que não li, vou falar daquilo que sei: os meus jovens e a alimentação.
Dos meus 3 filhos, um havia que tinha o "gosto da mesa". E digo tinha, porque deixou de ter, ao contrário da maioria das pessoas que vão ganhando esse gosto com a idade, o meu filho cada vez se parece mais comigo e só come porque tem que viver... Mas desde que nasceu até sair de casa comeu sempre muito bem e ainda bem pequenino já adorava um belo cozido à portuguesa. Era um espectáculo de tal maneira que as pessoas ficavam a vê-lo comer como se ele fosse realmente um fenómeno... Pizzas, hamburgueres e todas as coisas que os outros miúdos adoravam ele detestava. Em compensação adorava sopa, principalmente sopa de feijão. Mas comia tudo o que lhe punha à frente... como eram 3 e não me era possível um prato diferente para cada um, fazia um dia o que o mais velho mais gostava e assim sucessivamente...
Um dia descobri que o meu filho comilão queria ser gordo! Tinha um desgosto enorme por ser magro. E a verdade é que apesar da quantidade enormérrima de calorias que ingeria, mal deixou de ser bebé, passou a ser um miúdo bem constituído mas sem um grama de gordura, porque fazia muito desporto, muitas actividades, nunca parava quieto. Mas comia desesperadamente porque queria ser gordo!
Suponho que esta mania dele vinha do complexo de Édipo que sempre foi muito forte nele. Ele estava apaixonado por mim (ainda hoje confessa isso às namoradas) e suponho que quisesse imitar o homem com quem mantive uma relação durante mais de 17 anos e que ele devia achar que eu amava por ser assim tão grande! Isto é uma coisa que eu penso agora... na altura só achava estranho o facto de ele querer ser gordo!
Os outros dois eram crianças que comiam o que se lhes punha na frente, o mais novo com uma dificuldade enorme até por volta dos 14 anos (punha-se a conversar para não ter que comer)...
Portanto a obesidade não é apenas uma questão de calorias... é claro que a "jump food" é intragável e é claro que os miúdos a adoram... mas o Daniel tem razão: retirar das escolas este tipo de alimentos não vai resolver o problema: os paizinhos acham bem mais fácil alimentar os filhos com aquelas porcarias do que cozinharem a sério. Eu vejo isto na minha família. Os miúdos são entupidos com todo o tipo de porcarias... andam sempre mal do estômago, a vomitarem, etc., etc., etc. E depois há a tendência genética: há muita gente que diz que se comesse o que eu como (e eu acho que como pouquíssimo) pesava uma tonelada. Ora eu vejo-me aflita para manter os meus 50 Kgs! Ando sempre por baixo... mas também é verdade que como não gosto de comer, como várias vezes ao longo do dia quando tenho fome. Almoço "comme il faut". Recuso-me a comer qualquer coisa de pé à hora do almoço. Sento-me, de preferência em boa companhia e como! Para conversar (tal como o meu filho fazia)... só que depois como o meu aparelho digestivo é preguiçoso (e não só o aparelho digestivo!) só começo a fazer a digestão à hora de jantar o que me impede de comer a essa hora porque me sinto como se tivesse acabado de almoçar... e estou a ouvir os obesos a dizer "a sorte desta gaja"!
Pois é: eu nunca disse que sou mulher de pouca sorte!

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