This ain't no time for doubting your powerThis ain't no time for hiding your care
You're climbing down from an ivory tower
You've got a stake in the world we ought to share
Um blog do dia a dia, com muitas estórias, alguma poesia, música, fotografia, crítica, comentários... para desabafar, porque sem um grito ninguém segura o rojão!

Há dias uma colega dizia-me pela enésima vez que não dissesse sempre o que penso, que não brincasse tanto que não escrevesse neste blogue "coisas da política". Acontece que o que ela chama de coisas da política eu chamo de coisas da vida (se não se tratasse da minha vida, da vida de todos nós, estava-me nas tintas). Acontece que eu pensava que vivia num país com liberdade de expressão. Acontece ainda que me corre nas veias este sangue que faz com que brinquemos com coisas sérias, que tratemos tragédias como comédias, e se não fosse isso não sei como seria possível suportar a tristeza que me inunda todos os dias com notícias que eu, ao ouvir pela primeira vez, julgo que tenho que consultar um especialista porque os meus ouvidos não estão a funcionar...
Não, não deve ser nada este pulsar
É claro que estou triste com o meu país. Melhor. Estou triste com o país em que vivo, porque não sei muito bem, nunca soube se este é o meu país. Somos dos lugares onde nos sentimos bem não é? É claro que tenho aqui amigos, família, a minha casa, os meus livros, a minha música. Aqui fala-se português que é a minha primeira língua. Mas será que isto chega para fazer deste rectângulo o meu país? Se calhar não.
Pois é. Chegou a altura de me redimir e pedir aqui ao José que me perdoe as alfinetadas que lhe tenho vindo a dar, logo a ele que tanto faz por este país, e que, estou convicta, se às vezes parece meter os pés pelas mãos não é bem assim. O que se passa é que este povo nem sempre entende o alcance fantástico das medidas que por acção deste governo são tomadas. Mas até foi bom começar a usar o primeiro nome para me dirigir a este José porque na verdade, na verdade o que me chateia mesmo não é o José mas o Zé. O Zé pois! Esse de apelido Povinho, que votou no José. A esse é que eu devia dirigir a minha raiva e insatisfação. Porque o José está lá por causa do Zé. Por isso, hoje aqui, publicamente, neste espaço dos blogues que sei que o José tanto admira, lhe peço humildemente desculpas.
Não sei porque me lembrei há pouco desta estória, mas qualquer coisa dentro de mim diz que foi o Joe. Exactamente esse. O que está agora na berra todos os dias em todos os noticiários qual salvador da pátria...
Desatenta e avessa por natureza às notícias, só este fim de semana soube que José resolveu processar o meu vizinho do Portugal Profundo, decidindo assim fazer com que um acontecimento já mais do que batido e por isso mesmo esquecido, volte às luzes da ribalta. Cá para mim é "bater no ceguinho", ou "chover no molhado". A estória das habilitações literárias já passou de moda, agora que se chega à conclusão que um curso superior não tem mais utilidade que uma nova oportunidade... e se calhar aí, até estou de acordo com o José. Com o que não concordo é que ele intente uma acção contra o meu vizinho. Primeiro, porque como todos sabem, sou a fã nº 1 do José e ele vai perder a acção está-se mesmo a ver... e eu não gosto que ele perca. Porque cá para nós ele tem aquele feitiozinho assim um tanto ou quanto levado da breca e piora quando perde o que quer que seja. Mas pronto cada um sabe de si... e até há quem diga que afinal o José sabe de todos.

Todas as tardes, pelas 5. O homem do saxofone chega e instala-se à porta do selfriedge's. Não consegui descobrir se vem de metro ou de autocarro. A verdade é que tem vindo todas as tardes. O homem negro do sax.
Como falar de mim se não sei quem sou. Lembro-me de fugir com a minha irmã para longe da minha mãe. Lembro-me de muitos meninos como nós a correr pelas ruas. Lembro-me do cheiro das buganvílias. Lembro-me do cheiro do mar. E do macaco que comia bananas no jardim da vivenda em miramar. E das barrocas de terra vermelha que desciam até à baía. Mas de mim. Não me lembro. Não sei o meu nome. Posso ser João, José ou António. Posso ser Manuel ou Francisco. Serei o que quiserem que eu seja. Mas não me tirem deste quarto. Não me levem para aquela casa onde está uma mulher que dizem que é minha mas de quem não me lembro. Onde estão um rapaz e uma rapariga que me chamam pai e eu não sei porquê. Não tenho idade para ter filhos. Sou apenas um rapazinho de mão dada com a irmã, percorrendo as ruas de uma cidade africana.
Pela segunda vez assisti ao show do Ney "Canto em qualquer canto". Haverá quem diga que não sei o que fazer ao dinheiro, ou que haveriam outros concertos aonde gastá-lo. É verdade. Mas quando comprei os bilhetes não sabia que era o concerto a que assisti o ano passado. Se soubesse teria comprado? Teria! Claro.
Acabo de ouvir Joe Berardo, segundo a nossa comunicação social, o 10º homem mais rico de Portugal (eu cá sou tão pobrezinha que para mim ele era o segundo logo a seguir ao homem da Sonae e que para além destes o resto eram fífias, parece que mais uma vez a minha ignorancia e desinteresse pelos negócios de cada um me deixam numa posição crítica!). Nunca tive realmente grandes interesses pelas fortunas de cada um. Dinheiro nunca foi coisa que me impressionasse ou que eu ambicionasse. Nem nos jogos da santa casa aposto, tal é o meu interesse por vir a possuir algum dia qualquer coisa parecida com um risco de dinheiro que se veja...