26 maio, 2007

Quadras da minha solidão


Fica longe o sol que vi,
aquecer meu corpo outrora...
Como é breve o sol daqui!
E como é longa esta hora...


Donde estou vejo partir
quem parte certo e feliz.
Só eu fico. E sonho ir,
rumo ao sol do meu país...


Por isso as asas dormentes,
suspiram por outro céu.
Mas ai delas! tão doentes,
não podem voar mais eu...


que comigo, preso a mim,
tudo quanto sei de cor...
Chamem-lhe nomes sem fim,
por todos responde a dor.


Mas dor de quê? dor de quem,
se nada tenho a sofrer?...
Saudade?...Amor?...Sei lá bem!
É qualquer coisa a morrer...


E assim, no pulso dos dias,
sinto chegar outro Outono...
passam as horas esguias,
levando o meu abandono...


(Alda Lara)

1 comentário:

  1. Cantada por Paulo de Carvalho...
    Pela estrada desce a noite
    Mãe-Negra, desce com ela…

    Nem buganvílias vermelhas,
    nem vestidinhos de folhos,
    nem brincadeiras de guisos,
    nas suas mãos apertadas.
    Só duas lágrimas grossas,
    em duas faces cansadas.

    Mãe-Negra tem voz de vento,
    voz de silêncio batendo
    nas folhas do cajueiro…

    Tem voz de noite, descendo,
    de mansinho, pela estrada…

    Que é feito desses meninos
    que gostava de embalar?…

    Que é feito desses meninos
    que ela ajudou a criar?…
    Quem ouve agora as histórias
    que costumava contar?…

    Mãe-Negra não sabe nada…

    Mas ai de quem sabe tudo,
    como eu sei tudo
    Mãe-Negra!…

    Os teus meninos cresceram,
    e esqueceram as histórias
    que costumavas contar…

    Muitos partiram p’ra longe,
    quem sabe se hão-de voltar!…

    Só tu ficaste esperando,
    mãos cruzadas no regaço,
    bem quieta bem calada.

    É a tua a voz deste vento,
    desta saudade descendo,
    de mansinho pela estrada…

    [Alda Lara]

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