31 outubro, 2006

Gente

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Que pode uma criatura...

Que pode uma criatura senão,
entre outras criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

(Carlos Drummond de Andrade)

Cada vez gosto mais de Gente.

É frequente ouvir as pessoas dizerem "quanto mais conheço as pessoas, mais gosto dos animais". Concerteza se passa o mesmo convosco, quero dizer: também ouvem este comenrtário muitas vezes.
Comigo não se passa o contrário... mas quase: quanto mais gente conheço mais gosto das pessoas. Gosto muito da maior parte das pessoas, e quando não gosto de alguém, raramente tenho motivos par vir a gostar. Não acho que tenha um sexto sentido que me "avisa". Acho que nos basta olhar para os olhos de alguém que acabamos de conhecer para saber se a pessoa vale ou não a pena. Mas são muito poucas as pessoas que vou conhecendo e que não deixo que se aproximem de mim por não gostar delas. É claro que já me tenho enganado. Já tive, como toda a gente, as minhas desilusões, mas no fim o saldo é muito positivo.
Hoje conheci mais uma pessoa encantadora. Passo a contar:
Há já uns tempos que os amigos me diziam que devia trocar os pneus da frente com os de trás... do carro claro, que os meus não se podem mudar: estão onde estão e estão muito bem assim!
Agora, quando estive no Alentejo, o EGV insistiu que não devia esperar pela próxima revisão para proceder à mudança. Como hoje tinha o dia livre, decidi tratar do assunto, senão vou arrastando a perna à rã e nunca mais faço nada. Sou uma calona, que nem vos passa pela cabeça. Quer-se dizer... tenho dias. Ainda ontem me dispus a consertar a máquina de lavar louça e ficou impecavel. Só que estes acessos não me dão sempre... ninguém é perfeito (deixa-me cá tratar de me elogiar, já que o meu ego está subalimentado...
Bem, cá estou eu perdendo-me pelo meio da conversa... mas não fui eu que as inventei como não fui eu que inventei as cerejas...
O que conta é que fui tratar dos pneus a uma destas modernas "stationcar" que apareceram aqui pelo país um pouco por todo o lado e aqui a 2km de minha casa existe uma.
Pois o mecânico que me atendeu, é um homem tão simpático, tão delicado que fiquei fã! Explicou-me tudo o que estava a fazer e até me disse que aparecesse por lá uma vez por mês para ele verificar a pressão dos pneus que não me levava nada por isso. Que é só chamar por ele...
Já não é muito vulgar encontrar gente simpática, que se apresenta, que nos pede o nome para nos poder chamar por ele, que mostra uma amabilidade tão grande.
Tenho feito alguns "amigos" por telefone como trabalhadora. Tento sempre ser amavel e gosto quando as pessoas me dizem que sou simpática... por isso hoje disse o mesmo a este senhor: que é muito simpático e muito amável.
Aqui para nós: fiquei fã e quando tiver algum problema com o boguinhas, vou mesmo procurá-lo.

30 outubro, 2006

Oxalá


(A todos os meus amigos, com o carinho do costume)

Oxalá, me passe a dôr de cabeça, oxalá
Oxalá, o passo não me esmoreça;

Oxalá, o Carnaval aconteça, oxalá,
Oxalá, o povo nunca se esqueça;

Oxalá, eu não ande sem cuidado,
Oxalá eu não passe um mau bocado;
Oxalá, eu não faça tudo à pressa,
Oxalá, meu Futuro aconteça

Oxalá, que a vida me corra bem, oxalá
Oxalá, que a tua vida também;

Oxalá, o Carnaval aconteça, oxalá
Oxalá, o povo nunca se esqueça;

Oxalá, o tempo passe, hora a hora,
Oxalá, que ninguém se vá embora,
Oxalá, se aproxime o Carnaval,
Oxalá, tudo corra, menos mal

(Pedro Ayres Magalhães)

Para o Daniel com amor


Recebemos hoje a visita do Daniel. Foi a notícia do dia. O Daniel sou eu, o da fotografia.
Deixem-me ser hoje um bocadinho foleira... haverá poucas mulheres que não se enterneçam com um bebé... ainda por cima lindo como o Daniel João. Mas estou a lembrar-me de alguém que... vou contar a estória sem mencionar nomes. É que eu entendo mas muita gente haverá que não entenderá... e não há necessidade de nos aborrecermos por aqui.
Conheço uma mulher que não pode ver outra mulher amamentar. Não conseguiu amamentar os seus filhos, porque o acto a horroriza. Confessou-me que quando vê um bebé a mamar na mãe, tem a mesma sensação que quando vê um homem bater numa mulher...
No entanto trata-se de alguém perfeitamente normal. Isto é: interessa-se como qualquer mulher vulgar por bebés embora prefira crianças mais crescidas. O que eu acho é que é necessária uma grande coragem e franqueza para se dizerem coisas destas. Também não sei se ela conta estas coisas a pessoas que ela sabe que são realmente amigas dela e a entendem ou se conta a toda a gente.
Uma das minhas avós detestava crianças. Só gostava das crianças da família e dizia-o abertamente a quem quer que fosse. Não era a minha avó preferida, mas sempre a admirei por admitir que era má! Sabia que era e não tentava enganar ninguém... tomara que onde quer que esteja tenha adoçado um pouquinho.
Agora para o "nosso" Daniel, aqui vai um beijo grande... faz de conta que eu sou mais uma avó tua, sim meu amor? Avó! Não me chames nunca tia. Tu sabes bem do que eu estou a falar. Isto fica aqui só entre mim e ti. Beijo grande para ti e podes contar sempre com o meu colo, como hoje para adormeceres... meu amor!

Quadrilha


João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)

29 outubro, 2006

Por muito tempo achei...


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência,
essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

(Carlos Drummond de Andrade)

Ainda se vê no Alentejo

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Uma espécie de fim de semana mais curto, no Alentejo

Ora então vamos lá, até ao Alentejo, ao aniversário do meu amigo e compadre Eduardo Guedes Vaz... Pois é Eduardo como é que vai ser quando completares meio século, se agora fazes festas de arromba... oh homem olha que há muito casamento com menos gente! Tu és realmente Grande! Muito Grande! Tão grande que num ápice juntaste cerca de 4 dezenas de amigos, e eu sei bem que não estavam lá todos! Nem pouco mais ou menos!
Pois então foi assim. Saí de Lisboa pelas 16.30, depois de mais um dia de trabalho e lá fui eu, na meu boguinhas, via ponte Vasco da Gama. Eu acho aquela ponte linda! Dá uma paz! Toda aquela água, toda aquela luminosidade. Não é apenas uma ponte: é uma obra de arte!
A viagem correu bem, pela antiga estrada nacional, via Marateca, Alcácer, Santiago do Cacém, Santo André. O cansaço era muito mas afinal nem adormeci ao volante. Usei o truque de me pôr a cantar. Ouço-me, já que não tenho com quem conversar. Olhem que isto resulta! Sobretudo para quem gosta de cantar como eu que já acordo cantando... dormindo, aos tombos pela casa, mas cantando!
Chegada a casa do compadre só estava a miudagem para me receber. A miudagem tem toda mais de 20 anos... como eu, claro!
Foram chegando alguns amigos, mas a maior parte eles foi direito ao restaurante em Santa Cruz. Foi o Eduardo que cozinhou todos os pratos... e que bem que cozinhas compadre! Estava tudo muito bom.
Fiquei sentada entre a Nair (irmã do Eduardo e psicóloga, jovem como eu, com mais de 20 anos) e o Pedro (mais velho, rapaz para os 30 anos, amigo do peito do meu filho mais velho, e claro: os amigos dos meus filhos, meus amigos são!, e que vive de comprar piscinas para depois vender, que eu continuo a achar uma coisa fantástica... ainda um dia a gente fala disto a sério Pedro!).
Não estava com a Nair há já muitos anos e foi um gosto poder pôr a conversa em dia. Com o Pedro tenho estado regularmente, até porque sendo ele mais velho do que eu, me vai dando uns conselhos de vida... Eu estou para aqui só a baralhar as cabeças de quem não me conhece. Mas hoje é o que me apetece: baralhar e tornar a dar! O que importa é que eu adoro conversar com o Pedro e julgo que o inverso é também verdade, porque gostamos de aproveitar os bacadinhos em que estamos juntos para falar de tudo o que lhe vai acontecendo. E como te disse ontem Pedro, tu não estás a envelhecer, estás a crescer e a aprender... Não te importes por já não aguentares 7 noites por semana de farra com cinco dias de trabalho pelo meio e o IC 19 todos os dias para chegares ao emprego. Eu sei que tu estás crescendo amigo... vai por mim que sei das coisas!
Às tantas já estava tão cheia que fui com a Nair e com a Milai (secretária do Eduardo, e rapariga para a minha idade) para fora do restaurante... o ar estava viciado (agora que deixei de fumar, sinto isto mais rapidamente, embora o fumo não me incomode já grande coisa). Fora do restaurante diz a Nair - olha, ali à frente há baile! Não querem ir lá espreitar?. - Claro que sim respondemos a Milai e eu.
Atravessámos a rua e entrámos na sala. Estava repleta de homens da terra. Um tipo pequenino dirigiu-se-nos perguntando o que queríamos. A Nair perguntou-lhe o que se passava ali. - É um baile, menina! Ah, respondeu ela, e a música é boa?. O pequenito - do melhor que há: é a Ana e o Luís Vicente! Perguntou ela o preço dos bilhetes e ele respondeu €2,50. E a Nair muito pronta: - olhe, a gente vai ali pedir autorização ao nosso patrão, a ver se ele nos deixa vir...
Voltámos ao restaurante perdidas de riso. E repetíamos: a Ana e o Luís Vicente são do melhor que há!
Ficámos a saber que são efectivamente dois acordeonistas dos melhores que existem no nosso país. Armadas em urbanas espertalhonas, mal sabíamos a figura de parvas que estávamos a fazer! Tomem lá para aprender!
Entretanto o pessoal foi-se despedindo e ficámos meia dúzia, sobretudo a miudagem.
Dali fomos para o Havana em Santiago do Cacém. Foi de onde eu decidi enviar um sms ao meu novo companheiro de blog Eduardo Aleixo: é que estava bebendo uma cuba libre à tua saúde e à nossa amizade, homem! Servida por uma cubana verdadeira, linda de negra, que me disse que devia ir a Cuba já enquanto o Fidel está vivo e voltar lá depois disso, para ver as diferenças... o que eu gostei da rapariga! Preenche todos os requisitos do que eu penso sobre o povo cubano: lindos, acolhedores, simpáticos, faladores... esqueci-me de lhe perguntar o nome, mas fica para a próxima.
Entretanto a miudagem desafiava-nos para o Alexander's... mas era tarde. O Havana tinha a música demasido alta para o meu gosto. Gosto de bares mais intimistas. Onde se possa conversar sem gritar. E não nos apetecia, a nós miúdos mais velhos ir para discoteca. Foram eles para o Alex e nós para a camex...
Ainda estive a ler o Livro de Tao e adormeci muito tarde. Mas como hoje ganhámos uma hora ainda acordei cedo o suficiente para blogar e mais tarde prosear com o meu amigo e compadre.
Sem desdenhar ninguém por aqui, ele tem uma bela prosa. Gosta de conversar, eu gosto de ouvir: bate tudo certo! às vezes como dois e dois são cinco... mas isso são outros quinhentos!
A viagem de regresso foi feita pelo mesmo caminho, ao fim da tarde. Apanhei um rebanho de ovelhas com o seu pastor (que delícia, apesar do cheiro a estrume!), cegonhas nos seus ninhos no alto das torres de duas das igrejas por onde passei... desta vez não apanhei os meus mais que amados ciganos... mas apanhei uma "criação" de avestruzes! que impressão que me faz ver animais que deviam ser selvagens, criados em cativeiro para fins comerciais... mas é a via: não se pode ter tudo!
Apanhei, para compensar, uma fila de mais de 5 km para entrar na ponte 25 de Abril. Porque raio não regressei pela Vasco da Gama? Porque estou farta do trânsito da segunda circular! Mas hoje teria sido melhor opção de certeza.
Paciência! O que importa é que estou feliz, estive com os amigos, a estou aqui para vos dar conta desta treta toda!
Boa semana (esta é boa, mais curtinha) de trabalho, para nós que temos a sorte de ter um trabalho e para os que tiveram a sorte de se reformar antes dos 65, e que podem agora laurear a qualquer dia da semana, sem horários nem obrigações laborais.
Beijinhos e abracinhos!

2 Amores


Agora que já corrigi os erros das postagens do Alentejo, e antes de falar do mesmo Alentejo e do muito da minha vida por lá se passa, quero aqui dizer aos amantes de teatro, e não só, que se tiverem oportunidade vão ver "2 Amores".
A peça tem um total de quase 3 horas, com um intervalo de 1/4 de hora mais ou menos, pelo meio. Na verdade, se não tivesse intervalo acho que o público não aguentaria. É demasiado tempo a rir! Depois de ver esta peça percebo a expressão "morrer de rir". Saí da sala com dores nos abdominais... alturas houve em que julguei ficar sufocada de tanto rir.
Eu bem sei que sou de riso fácil, mas esta peça põe o mais sisudo a rir. É um banho de boa disposição!
Portanto não percam, se puderem, "2 Amores", com António Feio, António Machado, Cláudia Cádima, João Didelet, José Pedro Gomes, Maria Henrique e Martinho Silva, numa peça escrita por Ray Cooney e encenada por António Feio.
Parabéns António Feio. Parabéns a todos é claro, mas sabemos o que vale o trabalho do encenador no sucesso de qualquer peça de teatro ou filme. Portanto, daqui um abraço de parabéns. És daqueles que tudo o que faz é bem feito!

Céu de Outono no Alentejo

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Poema das águas do meu rio

São estas as águas do rio
Que le(a)vam as letras do meu nome.
Águas limpas águas claras águas sempre em movimento.
Nelas deslisa o bote do meu destino.
O meu corpo fala a linguagem dos peixes
Que sabem ser este o espaço
Da minha liberdade.
Aqui, o cântico do sol e da bruma
Brota do ritmo harmonioso do meu coração
Identificado com a terra, com o céu e com a água.
O verde das margens é o verde dos meus olhos.
É este o rio certo.
O barco certo.
O ritmo certo.

Eduardo Aleixo

posted by Eduardo Aleixo at 2:30 PM 0 comments

Post do Alentejo

Estou a escrever do Alentejo, de onde partirei daqui a pouco... quando conseguir contactar o meu amigo que ainda é mais madrugador que eu. Pensava eu que no "bunker" que ele me destinou como quarto de dormir, conseguiria recuperar algumas das horas que trago atrasadas de sono. Mas isto já deve ser vício de viver... já deve ser medo de não ter tempo para fazer tudo o que quero... e raramente consigo fazê-lo. Há-de haver sempre qualquer coisinha que fica para trás!
Pois bem, quero aqui pedir desculpa ao meu amigo Eduardo Aleixo pelo sms que lhe mandei de madrugada. São Eduardices! Como nunca durmo com o telemóvel ligado, acho que toda gente faz o mesmo. Só que, já cheguei à conclusão que quase toda a gente mantém os telemoveis ligados sempre. Por isso sou capaz de te ter acordado de madrugada... peço desculpa. Não se repetirá... e só aconteceu porque eu tenho a mania de fazer o que me apetece sem pensar que posso estar a incomodar os meus amigos. É mais um ponto a corrigir.
Só agora consegui ler o comentário em que aceitaste o meu convite, porque o blog tem estado em manutenção o que tem dificultado e até impedido postagens. Hoje parece que isto está tudo normal.
Acabo de falar com o meu amigo que está a sair da piscina e vem ter comigo. Acho que é a partir de hoje que começará a escrever aqui no blog... se precisares de ajuda Eduardo Aleixo, já sabes que podes contar comigo. Isto é muito fácil, não tem nada que saber!
E quero também agradecer-te, o teres saído em defesa aqui do Tempo, que é nosso! Na verdade o que de mais importante aqui se passa é a transparência. E como dizes, ninguém aqui inveja ninguém, porque os amigos se amam... não se invejam. Sentimentos mesquinhos não cabem neste espaço.
Não sei o que se passou com "O Equador". Não li nada a esse respeito. Mas daqui te digo Miguel Sousa Tavares, que gostei imenso do livro. "Convivi" paredes meias 16 anos contigo e com os teus pais. Por isso posso aqui dizer que sei que tens mau feitio, mas no fundo és boa pessoa. E tens talento. Muito talento! E é por isso que não devias preocupar-te com calúnias. Mesmo sem saber muito bem do que estou a falar, daqui te digo: manda-os à fava!
Mais logo, quando estiver em casa, vos contarei como se passou a noite aqui no Alentejo. É que preciso ainda de algumas horas, para saborear a sós comigo mesma os reencontros que me aconteceram.
Até logo, então!

27 outubro, 2006

26 outubro, 2006

Precisamos ser amados...

Sempre disse que sou uma mulher de sorte. Até quando o "azar" me bate à porta"... é que eu sei que há em todas as coisas que me acontecem um lado bom.
Quando era muito nova não era capaz de ver esse lado bom tão facilmente quanto hoje. Mas nada como a experiência. A gente treina tudo na vida. Basta querer.
Pois sou uma mulher de sorte: porque nasci no seio de uma família que se desentende a todo o momento mas que se ama. Uma família onde existem pessoas com os mais diversos pontos de vista, onde tudo se discute acaloradamente. No fim, cada um fica na sua. E todos têm razão!
Sou uma pessoa de sorte porque tenho conhecido pessoas fantásticas (um dia destes conto como tive uma tarde de conversa com o Professor Agostinho da Silva, sem saber quem ele era...). de algumas fiquei amiga, de outras a vida despediu-me, por partidas várias... partidas, quero dizer idas... para outros pontos do globo ou para outros universos.
Mas ficaram alguns muito bons. Quero dizer: todos os que me restam são muito bons!
Gosto de estar só. Mas também gosto de estar com os amigos. É por isso que este meu tempo é tão importante para mim. Porque alguns dos meus amigos me visitam regularmente por aqui. Quem escreve precisa de se sentir amado. Ouvi há pouco António Lobo Antunes dizer qualquer coisa como isto, há pouco, a propósito do lançamento do seu novo romance "Ontem não te vi em Babilónia". parece até que me ouviste António. Eu estava mesmo precisada de um novo romance teu! Tu que não ganharás jamais o prémio Nobel da literatura, mas que ganhas "o meu Nobre" todos os anos. Porque te amo.
Escrever é sempre um acto de amor. Provocado por algo ou por alguém que nos impele! É por isso que é tão importante saber que há alguém que nos lê. Porque se alguém o faz é porque somos amados...
Quero deixar aqui os parabéns aos meninos Eduardo Aleixo e São Ribeiro que fazem anos hoje. Acabo de falar com o Eduardo e tenho boas notícias: ele aceitou o meu convite para escrever como bloguer aqui no "meu tempo..." que é cada vez mais o nosso tempo. E a São está bem melhor e há-de ouvir-me cantar-lhe os parabéns por muitos anos! Um abraço muito apertado para os dois!
E um abraço também para o António Lobo Antunes. Obrigada por mais este romance. E fica sabendo: eu amo-te!

As sem razões do amor


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

25 outubro, 2006

O Tejo visto das "Portas do Sol" em Santarém. A "mancha" branca, ao fundo à esquerda, é Alpiarça. Posted by Picasa

Coincidências outra vez?

O mau tempo passa pela Europa, América do Sul, Ásia... em Portugal fez estragos a que não estamos habituados. País de brandos costumes. Também de mais ou menos brandos climas. Mas muita asneira se tem feito ao longo dos anos. Muito se tem construído ao longo de velhos cursos de água, secos (isto explicava-me o meu pai, que sabia do que falava como ninguém). E dizia-me que isto havia de acontecer, mais dia menos dia.
Os incêndios de sucessivos verões têm dado uma ajuda a que estas ocorrências, sejam cada vez mais frequentes.
Mas, perdoem-me a insensatez, dormi esta noite, como há muito não dormia... O facto de ter adormecido com o som do vento, da chuva e do mar alterado por fundo, deu-me uma noite tão tranquila! Eu sei que é egoismo... mas também de que adiantava ficar acordada a pensar nos sem abrigos, nas pessoas que vivem em sítios frequentemente inundaveis, nos mais que muito provaveis acidentes?
De manhã acordei bem disposta e lembrei-me de tudo isto e mais dos animais sem abrigo... Mas que podia fazer? Se calhar até podia! Um dia destes vou pensar em inscrever-me numa qualquer associação de voluntariado para ajuda em situações de emergência..
Para terminar com uma nota engraçada:
Estava no átrio do meu local de trabalho aguardando o elevador quando entrou uma colega, reclamando do mau tempo. Logo de seguida outro colega que eu conhecia apenas de vista mas de quem já tinha ouvido falar, disse que ao sair de casa tinha dado de caras com os bombeiros, porque tinha caído uma árvore sobre um poste de electricidade mesmo ao pé da casa dele. Curiosa, perguntei-lhe onde morava. Respondeu que morava em Alpiarça. Aí eu disse: - Ah finalmente sei quem é o "outro" doido aqui do sítio, que preferiu continuar a fazer o percurso Alpiarça-Lisboa-Alpiarça a mudar para um emprego em Santarém! Ele riu e eu acrescentei que tenho um filho que trabalha em Alpiarça e vive em Santarém. Foi a vez de ele me perguntar o que fazia o meu filho. Disse-lhe que era educador de infância. Perguntou imediatamente: - Não me diga que é o Rui! Eu confirmei e então ele informou-me que o meu filho tinha sido professor do filho dele!
São coincidências mais uma vez, ou realmente o mundo é muito pequeno?

24 outubro, 2006

Os ombros suportam o mundo


Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

(Carlos Drummond de Andrade)

Baía de Sliema

Maria Helena, esta é uma vista da baía de Sliema em Malta. Quem sabe eu volto lá e tu vais comigo, já que gostavas tanto de conhecer! E vais adorar os "maximbombos". Não me esqueço que foi um romance que me emprestaste que me abriu o apetite sobre Malta e La Valleta. Um abraço bem apertado e até à próxima semana!
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Já ninguém nos pode parar.

Bem... a despeito da chuva, almocei com a Maria Helena. E foi tão bom estarmos juntas, ainda que apenas por duas horas. Foi tão bom que já marcámos novo almoço para a próxima semana. E agora já ninguém nos pára!
Falámos de nós, das nossas vidas, dos filhos, dos meus netos, das alegrias e tristezas que a vida nos tem oferecido. Falámos muito dos homens das nossas vidas. Rimos ao falar nisso... acho que a cerveja chinesa nos ajudou a soltar a língua. Mas o que eu gosto desta alentejana! O que eu já partilhei com esta mulher, tão pequena e tão grande! Quantas vezes os seus olhos azuis encontraram os meus olhos castanhos, sem ser preciso trocar uma palavra! Querida amiga! Nunca mais estaremos tanto tempo sem nos falarmos, sem nos tocarmos, sem nos olharmos olhos nos olhos... Por mim, isso jamais voltará a acontecer e acho que por ti também não, a não ser que mudes de vez para o Redondo. Mas aí, vou lá passar uns fins de semana, dar-te colo e recolher o mesmo colo!
O que me uniu tanto assim a esta professora primária que nunca exerceu a sua profissão, porque na altura em que fez o Magistério os professores ganhavam tão mal, que ela se viu obrigada a aceitar um emprego como escriturária?... é verdade. Era assim! Os professores eram mesmo muito mal pagos até há cerca de 30 anos, talvez até menos... Pois o que me uniu à Maria Helena foi o gosto pela leitura. É realmente quase sempre o polo de atracção entre mim e os outros. Não quer dizer que não tenha amigos que nem gostam de ler. Até tenho amigos que não gostam de nada do que eu gosto. Mas gostam de mim e eu gosto deles! E é quanto basta...
Quero aqui contar uma coincidência (mais uma) que aconteceu comigo e com a Maria Helena... Há dois anos encontrei-a. Tinha acabado de ir comprar a viagem de lua de mel que decidira oferecer ao meu filho e à minha nora. Palavra puxa palavra diz ela que o filho dela que como o meu se chama Rui, também ia casar. Continuando a conversa concluímos que casavam no mesmo dia. Mais duas palavras e chegámos à conclusão que as bodas de ambos seriam celebradas na mesma quinta! E foi assim que, fez ontem dois anos partilhámos os casamentos dos nossos filhos mais velhos! Não acredito em coincidências. Mas lá que as há...
Pois foi um dia bem feliz! Bem chuvoso! Bem ventoso! Com um mar bem alterado. Está lindo o mar... como gostava que o vissem agora! E como gostava que estivessem todos tão felizes quanto eu!

23 outubro, 2006

Um Amigo


Há uma casa no olhar
de um amigo.
Nela entramos sacudindo a chuva.
Deixamos no cabide o casaco
fumegando ainda dos incêndios do dia.
Nas fontes e nos jardins
das palavras que trazemos
o amigo ergue o cálice
e o verão
das sementes.
Então abre as janelas das mãos para que cantem
a claridade, a água
e as pontes da sua voz
onde dançam os mais árduos esplendores.

Um amigo somos nós, atravessando o olhar
e os véus de linho sobre o rosto da vida,
nas tardes de relâmpagos e nos exílios,
onde a ira nómada da cidade arde

como um cego em busca de luz.

(Eduardo Bettencourt Pinto)

Eu e o meu filho mais velho na casa que vadio guardou durante tanto tempo com tanta dedicação! Posted by Picasa

Ao Vadio

Vou aproveitar o comentário do Eduardo Aleixo a "A cachorrinha" para contar uma das muitas estórias que tenho, passadas com animais.
Mas antes disso quero esclarecer o meu querido amigo que o meu almoço de sexta feira passada foi adiado pela minha amiga, que por sinal é alentejana e vive entre o Redondo e Lisboa. Perdoo o mau juízo que fazes de mim porque me conheces há meia dúzia de meses e provavelmente nunca me ouviste dizer "não sou um saco de farinha" quando chove a potes. A chuva, o frio ou o calor nunca me impediram de estar com os amigos... nem sequer de andar na rua. Não há muitas coisas mais gostosas que um bom banho de chuva. É uma dávida da natureza, a despeito de, por causa desta minha teoria muitos me considerarem louca. Mas tenho que respeitar a minha amiga. E há pelos menos duas coisas que fazem com que ela adie compromissos: uma é a chuva; a outra (acho que ainda mais forte) são os dias em que o Benfica dela joga. E eu respeito isto. Também quem já esperou tanto tempo pode esperar mais uns dias e fazer-lhe a vontade. É ou não é?
Quanto aos burros e burras meu amigo, também eu os adoro e tenho assinado tudo quanto é petição para tentar que os burros voltem. São animais lindos, carinhosos e para além disso, também vivi no meio de burros e tenho também estorias inesquecíveis com burros. É evidente que usei o termo "burra" para me autodenominar, porque acho mais carinhoso que estúpida. E adiante.
Há 28 anos eu vivia na ilha de S. Miguel, entre a praia do Pópulo e a Lagoa, na Atalhada. Isto é para situar quem conhece minimamente a Ilha. Trabalhava na Ribeira Grande e para fazer menos 20 km, dirigia o meu velho Renault 4L, por uma estrada de terra batida que atravessava a ilha, poupando-me assim umas boas dezenas de km todos os dias. E de tempo!
Costumava tomar o pequeno almoço num pequeno café da Ribeira Grande. O meu filho mais velho tinha 2 anos e eu esperava o segundo. Um dia entrou um cão vadio pelo café e aproximou-se da minha mesa, de olhos meigos, uma orelha deitada abaixo, um ar de abandono incrível! Peguei no que restava da sandes de fiambre e dei-lha. Lambeu-me a mão e ali ficou a abanar a cauda. Seguiu-me até ao meu emprego.
No dia seguinte, mal viu a 4L desatou a correr. Passei a pedir uma sandes todos os dias para o bicho. Todos os dias ele me seguia até ao emprego.
Comecei a fazer perguntas na vila acerca do bicho e contaram-me uma estória curiosa. O desgraçado virava os caixotes do lixo da vila durante a noite, em busca de comida. Um dia, pelas 3 da manhã um polícia resolveu dar-lhe "caça". Começou a perseguir o bicho pela vila. Há um largo com um pequeno lago no meio da vila. O "chui" atirou com o cassetete ao cão na tentativa de o fazer parar. Só que o cassetete foi parar no meio do lago e então o "chui" teve que se meter dentro do lago para achar o maldito cassetete. Esta cena foi presenciada pelos boémios da vila que riram a bom rir com a mesma. Danado, o polícia resolveu oferecer a soma de 500$00 (na altura era dinheiro!) a quem lhe entregasse o bicho, vivo ou morto.
Esta estória aumentou ainda mais a minha estima pelo cão, sabendo-se como eu estimo os agentes da autoridade!
Acontece que estavamos em pleno Verão e ao sair da praia da Ribeira Grande ao fim da tarde, descobri que tinha um pneu da 4L em baixo. Mudei o pneu e foi assim que o meu segundo filho nasceu antes do tempo previsto.
Estava pois de licença de parto e deixei de ir à Ribeira Grande. Entretanto os meus pais foram visitar-me para conhecer o segundo neto.
Eis que um dia que ia mostrar-lhes os sítios mais interessantes de Ponta Delgada e ao volante da minha 4L à entrada da cidade, vejo o cão no passeio. Abrandei e disse à minha mãe que ia no banco traseiro que abrisse a porta. Ela fez o que lhe pedi e o cão mergulhou imediatamente no banco, tendo o cuidado de passar por cima do colo dela, aonde ia o meu filhote com menos de 1 mês.
Batizei-o de "Vadio" e foi o melhor cão que alguma vez tive. Nessa altura eu tinha um pequeno zoo uma vez que tinha comprado uma casa de "bonecas" com um "quintal" de cerca de 800m de comprido por 50m de largura.
O tempo foi passando e embora a casa estivesse bastante isolada eu não tinha medo nenhum de lá viver sózinha porque o vadio não deixava ninguém aproximar-se. Era um verdadeiro guarda costas!
Só que tinha que se distrair com alguma coisa. E o que lhe dava verdadeiro gozo era, durante a noite atirar-se aos motociclistas: surgia no escuro da estrada, do nada, a ladrar e a tentar morder os pneus das motorizadas... os tipos é claro que se assustavam e caíam!
Um belo dia, dois polícias batem-me à porta de casa. O Vadio que nunca deixava ninguém atravessar o portão, quanto mais aproximar-se da porta, manteve-se muito quieto à porta da sua casota. Os senhores agentes disseram-me que tinham recebido uma queixa na esquadra. Segundo a queixa eu tinha uma "fera" em casa. Apontei então o Vadio, muito quieto e calado, na sua, e disse: - é o único cão que tenho. De resto são patos, galinhas, pombos e gatos...
Os polícias retiraram-se confundidos mas acreditando na minha versão. Ao fim e ao cabo eles tinham visto que a "fera" era um cão de tamanho médio e olhar meigo.
Escusado será dizer que quando tive que me deslocar a Lisboa por uns dias, o cão foi morto por envenenamento! Mas eu tenho muitas saudades do meu Vadio. Da sua orelha partida por maus tratos. Do seu olhar meigo.
Gosto tanto de animais que não tenho nenhum há anos, porque considero que não tenho condições para ter qualquer animal num apartamento. Os bichos são como eu: precisam de espaço!
Eu vivi durante muitos anos as minhas férias grandes no mato, em África. Aprendi a gostar de todos os animais. E não vou falar aqui do meu amor por répteis porque sei que há muita gente que se arrepia só de ouvir o nome "serpente" ou "crocodilo". Por isso fico mesmo por aqui.
Mas fiquem sabendo que o abraço das serpentes é tão gostoso quanto um abraço humano!

22 outubro, 2006

A Cachorrinha














Mas que amor de cachorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua barriguinha
Crivada de mamiquinha?
Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Que esse amor de cachorrinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha?

(Vinicius de Moraes)
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Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
(Vinicius de Moraes)

Sem dar por isso...


E sem dar por isso, estamos no final de um domingo chuvoso. E sem dar por isso, deixei para trás uma semana bem complicada, a todos os níveis. E sem dar por isso, descubro que tenho saudades dos meus amigos. Daqueles que não vejo todos os dias. E quando me telefonam ou mandam SMS aguçam a saudade.
Tinha combinado um almoço para sexta feira passada com uma amiga com quem não estou há muito tempo. Adiámos por causa do mau tempo. A ver vamos se a próxima terça feira não nos faz adiar mais uma vez este reencontro.
Gosto de estar com os amigos. É por isso que não me importo de fazer 300 km depois de um dia de trabalho para estar com amigos. É por isso que posso sempre deixar para trás tudo o resto. Aprendi que nesta vida, tudo se pode adiar... A amizade não. O carinho não. A ternura não. Conversas não. Risos não. Lágrimas não (quando são de alegria ou de emoção). O tudo, é evidentemente a rotina do dia a dia que se pode recuperar sempre, mesmo que à custa de um esforço suplementar. Para mim isto é que é a vida. Só assim vale a pena viver.
Não gosto de fazer planos. Gosto de ser apanhada de surpresa. Ainda que isso me custe um bom bocado suplementar de cansaço. Ainda assim vale a pena.
Daqui a nada começa uma nova semana. Mais 6 dias de trabalho. Mais 300 km para festejar o aniversário de um amigo. Para lhe dar um abraço bem apertado.
É assim que se faz a vida. Nem sempre foi assim. Mas os anos servem para nos ensinar. E ai de quem não aprende! Ai de quem teima em viver só do trabalho. Ai de quem não arranja tempo para olhar o mar, ler um livro, estar com os amigos, fazer as coisas de que gosta... aquilo que nos dá prazer.
Ainda bem que não sou burra de todo! A vida é aquilo que fazemos dela.
Uma boa semana para nós.

20 outubro, 2006

Reflexos


Olho-te pelo reflexo
Do vidro
E o coração da noite

E o meu desejo de ti
São lágrimas por dentro,
Tão doídas e fundas
Que se não fosse:

o tempo de viver;
e a gente em social desencontrado;
e se tivesse a força;
e a janela ao meu lado
fosse alta e oportuna,

invadia de amor o teu reflexo
e em estilhaços de vidro
mergulhava em ti.

(Ana Luísa Amaral)
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Afinal descubro que sou uma romântica...

Vi (mal) o programa do Diogo Infante sobre a língua portuguesa. Ele pode dizer o que quiser mas a verdade é que estória, tendo uma pronúncia muito semelhante a história, me parece uma palavra muito mais romântica do que história. Por isso meus amigos, quase tudo o que eu escrevo aqui são estórias, embora de vez em quando possa surgir história.
Foi uma disciplina de que sempre gostei muito. E agora que está na "berra", daqui a nada tenho o Diogo à perna, (oh Diogo não me batas muito, que eu amo-te tanto!), falar de ensino, sempre gostaria de dizer que sempre houve bons e maus professores. Eu devo o meu amor à história à professora Virgínia, que além de ensinar história como quem conta uma estória, era uma mulher linda (até se dizia à boca pequena que tinha sido modelo, mas não sei se é verdade). O facto é que toda a gente que a teve como professora ficou a gostar da disciplina. Não nos obrigava a decorar coisa nenhuma... e acreditem os mais novos, que este era um facto inédito nos anos 70!
Tive outros professores que não valiam nada. Assim como tive outras que tal como a Virgínia, valiam o seu peso em ouro.
Creio que hoje é igual. Há profissões que exigem vocação. São verdadeiros sacerdócios. Por isso amigo Fernando Rebordão Teixeira, mais uma vez te digo, que de facto o ensino não pode ser o mesmo, uma vez que, felizmente, foi democratizado, mas continua a existir o bom e o mau. Como em todas as profissões. Como na função pública ou como na EDP.
Por falar em EDP faço aqui um pequeno parentesis sobre a decisão do mais que mediático Manuel Pinho, ao anunciar que o Governo resolveu intervir e baixar o aumento de 15,7% para um máximo de 6% em 2007. A ver vamos como acaba esta estória. Mas não há dúvida que apesar de continuar a ser um roubo, e para um roubo tanto vale um cêntimo como um milhão de euros (o que conta é o acto), a verdade é que em vez de pagarmos em 3 anos vamos pagar em 10, o que, pelas minhas contas há-de fazer subir os juros e o mais certo é morrer com esta "dívida".
Ah! já me ia esquecendo de agradecer sentidamnete ao engenheiro, o aumento de 2 (dois!) cêntimos, no subsídio de refeição. Foi uma generosidade muito grande da sua parte (mas pensando bem, há por aí tantos obesos, que se calhar convinha era baixar o valor do dito subsídio). Pense nisso.

19 outubro, 2006

Bem-Querer

(mais uma vez a todos os amores que passaram pela minha vida)

Quando o meu bem-querer me vir
Estou certa que há de vir atrás
Há de me seguir por todos
Todos, todos, todos o umbrais

E quando o seu bem-querer mentir
Que não vai haver adeus jamais
Há de responder com juras
Juras, juras, juras imorais

E quando o meu bem-querer sentir
Que o amor é coisa tão fugaz
Há-de me abraçar com a garra
A garra, a garra, a garra dos mortais

E quando o seu bem-querer pedir
Pra você ficar um pouco mais
Há que me afagar com a calma
A calma, a calma, a calma dos casais

E quando o meu bem-querer ouvir
O meu coração bater demais
Há de me rasgar com a fúria
A fúria, a fúria, a fúria sim, dos animais

E quando o seu bem-querer dormir
Tome conta que ele sonhe em paz
Como alguém que lhe apagasse a luz
Vedasse a porta e abrisse o gás

(Chico Buarque)

A minha última turma do liceu D. João de Castro

Se algum de vocês passar por aqui, por favor contactem-me. Gostaria que nos reuníssemos. Obviamente na foto só falto eu. Mas para os mais esquecidos vai uma dica " A anarca" que cantava em todas as aulas, mal se distraía. Posted by Picasa

Saber dar tempo para ter um dia bom...

Aqui neste espaço que é de todos os que nele quiserem participar, fiquem certos que leio todos comentários. Alguns "obrigam-me" a responder.
Preciso pois de dizer aqui, que uma das minhas virtudes é a vaidade. Dirão muitos, que é um defeito. Mas enganam-se: se eu não fosse vaidosa não teria sobrevivido a todas as rasteiras que a vida me vem pregando. Se não fosse vaidosa, não seria competente no meu trabalho, não seria competente com os meus amigos, não passaria de um zero à esquerda. O meu ego raramente se encontra "down" e quando isso acontece eu arranjo sempre maneira de o erguer. Uma das coisas que me ajuda nesses momentos é um poema que para mim foi escrito, pelo meu velho amigo Eduardo Guedes Vaz. Últimamente tenho dito poucas vezes a palavra "amo-te". Amo-te para mim é o mesmo que "gosto muito de ti". E este gostar muito de alguém pode ser de diferentes maneiras. Pois hoje ao telefone com o Eduardo disse-lhe "Tu sabes que te amo". Se fosse outra pessoa qualquer, provavelmente teria gerado um mal entendido. Mas sei que com ele não há equívocos. Quer apenas dizer que a minha amizade por ele é como "um amor para sempre", com a diferença de que é muito mais fáci eternizar a amizade do que o amor (pelo menos para mim). É a vaidade que faz com que eu vença obstáculos. É quando eu digo "eu sei que sou capaz!" E sou!
Portanto Eduardo Aleixo ficas aqui sabendo que eu estou vaidosa por ter criado um espaço onde nos sentimos bem. E como tu dizes, o blog é de todos nós. Não é um atrevimento teu, é mais uma vaidade minha. E é por isso que... não! Vais ter todo o tempo do mundo. Eu sei que sendo uma repentista, tenho às vezes algumas dificuldades com as pessoas que precisam de tempo para tudo. Quem me dera às vezes ter apenas metade da calma que têm. Mas cada um é como é... e provavelmente o meu querido amigo Carlos diria que é mais um dos meus "charmes" que é o que ele chama carinhosamente às minhas excentricidades.
Como não gosto de deitar abaixo apenas, quero aqui aplaudir o senhor secretário não sei de quê, que ontem veio dizer que os culpados dos aumentos da EDP era dos consumidores, e veio hoje, em jeito de desculpa, dizer que teve um dia mau. Pois. Eu por acaso tenho quase sempre dias bons. Deve ser porque não ando a querer lixar a vida de ninguém. Deve ser por me sentir tranquila, segura e vaidosa da qualidade dos meus amigos.

18 outubro, 2006

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Até o fim

(a todos os caloteiros)

Quando nasci veio um anjo safado
O chato dum querubim
E decretou que eu tava predestinado
A ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou
Mas vou até o fim

Inda garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão, eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim

Eu bem que tenho ensaiado um progresso
Virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso
Em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou
Mas vou até o fim

Por conta de umas questões paralelas
Quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas
E a minha voz chinfrim
Criei barriga, minha mula empacou
Mas vou até o fim

Não tem cigarro, acabou minha renda
Deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda
O que será de mim?
Eu já nem lembro p'ronde mesmo que vou
Mas vou até o fim

Como já disse era um anjo safado
O chato dum querubim
Que decretou que eu tava predestinado
A ser todo ruim
Já de saída minha estrada entortou
Mas vou até o fim

(Chico Buarque)
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Pecados capitais... quem os paga?

Pois. Eu já sabia que havia por aí muitos caloteiros. Mas mais de 5 milhões? E eu? Estou muito traumatizada com tudo isto. Eu que sempre fiz tudo para ter as minhas contas pagas a tempo e horas, eu que em toda a minha vida só uma vez me esqueci de pagar a factura da EDP, fiquei a saber hoje que sou uma caloteira! Pois sim senhor. Assim sem mais nem menos. Abro a TV e levo um murro destes no estômago! O senhor secretário não sei de quê diz que vou ter que pagar mais 15,7% além do que pago porque tenho andado a pagar a menos. Eu e os outros mais de 5 milhões claro...
Pergunto eu: quem tem culpa que eu tenha andado todo este tempo a pagar a menos? A EDP não sabe fazer contas e depois quer cobrar com juros? A que propósito? Espero sinceramente que a DECO (de que de resto sou sócia) leve a EDP a tribunal em nome de todos os lesados, que somos afinal um país inteiro. Não quero crer que isto fique por aqui. Não posso acreditar que um país que se diz democrático se curve perante uma empresa que gera lucros enormérrimos (não sei se acabo de inventar uma palavra, mas foi esta que me ocorreu).
Li hoje num cabeçaho de jornal que metade dos espanhóis acham bem que portugal e espanha formem um só país... a Ibéria. Pois eu quero ser espanhola e é já! Antes que consigam tranformar este país numa jangada de pedra... sim: porque à deriva já andamos há muito tempo!
Quero aqui agradecer à criança Eduardo Aleixo o Espelho (ver comentário de Eduardo Aleixo a "Outono, poesia, crianças, preguiça... é a vida! ". É um belo comentário poético que penso que merecia um lugar bem mais destacado do que num comentário a este tão pobre "o meu tempo é quando". E insistir mais uma vez com o homem e amigo Eduardo Aleixo que pense com carinho na nossa conversa. E se preciso fôr "mando" o menino Eduardinho ao quadro dos blogs. É uma pena não mostrares o que escreveste! É pecado! E dos piores (acho que são os capitais não é?). Sempre me pareceu que o capital só podia ser pecado...

17 outubro, 2006

Liberdade


(esta é em especial para a Fátima)

Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão habitação saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir


(Sérgio Godinho)

Caros "concidadões"



Senhores,
dizia a Clara Ferreira Alves no Eixo do Mal do último sábado, que cada vez mais, as pessoas deixarão de se manifestar nas ruas e passarão a usar os blogs para demonstrar o seu descontentamento. A verdade é que se gritar me aliviasse eu iria, como muita gente, para os estádios ver futebol ou ficaria frente à televisão vendo jogos e torcendo-me e acendendo velinhas e gritando golo de cada vez que a minha equipa marcasse. Mas como este nunca foi o meu estilo de desabafar, ainda bem que tenho o meu tempo é quando para não ter que procurar ajuda psicológica. Tenho a certeza que neste momento os senhores já teriam conseguido que eu arranjasse uma depressãozinha para pagar umas taxazinhas que estão fazendo falta para remendar o orçamento do estado.
Falemos então de coisas sérias. Falemos da "justiça" dos senhores na apresentação do orçamento para 2007. Uma coisa é verdade e a verdade é para se dizer: nunca falaram em justiça social; usaram sempre o termo "justiça fiscal". Faço-lhes justiça.
O engenheiro é perito em jogar com as palavras. Julgo que muita gente da área de letras se admirará com o que este homem que tirou um curso de ciências faz com as palavras. É na realidade um político. Tem todas as "qualidades": é palavroso quando lhe convém, é mentiroso, gosta de meter a mão nos bolsos de quem deixa (os mais pobres, como sempre, porque com os ricos não se mete ele, que não é parvo: "quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é parvo ou não tem arte"), enfim, o homem nasceu para isto. Só me lixa que tenha que levar com um tipo que não contribuí para eleger. Porque se o tivesse feito, a esta hora já estaria morta de arrependimento.
Pois só para dizer aqui que acerca dos ajustamentos deste orçamento para 2007 em relação aos solteiros é uma treta. Partir do princípio que todos os "solteiros" afinal são casados é uma injustiça de todo o tamanho. E não é argumento. A máquina fiscal tem todas as condições para identificar os verdadeiros solteiros. Basta verem quantos contribuintes existem na mesma morada. Não seria assim tão difícil pois não? Mas dava trabalho... ai isso dava. Mas o facto é que é preciso cumprir o que se prometeu à CEE. Então inventa-se uma treta e chama-se "justiça fiscal". Vá lá que não se atreveram a chamar-lhe justiça social, pelo menos que eu tivesse ouvido!
Quanto aos deficientes com rendimentos superiores a € 500 é outra injustiça. Se querem fazer justiça, usem o nível de deficiência de cada um conjugado com o rendimento. Mas isso dava um bocado de trabalho não é, meus senhores? E ninguém vos paga para isso, não é? Pois é! Pagamos (pelos vistos mal) para nos sugarem até ao tutano.
Quanto à nova taxa para a ADSE, devo aqui dizer que, tendo 3 filhos, estive 17 anos sem direito à ADSE... quer dizer, paguei sempre mas não podia usar, por me recusar a abrir uma conta na Caixa Geral de Depósitos que é uma instituição neste país, que considero que sempre teve uma máquina pesada, lenta e pouco transparente. Como vivo num país democrático, não achava justo ser obrigada a ter uma conta numa instituição em que nunca confiei. Como tal, cá por mim, a ADSE deve-me uma quantiade de "massa". Toda aquela que gastei com a saúde dos meus filhos à minha conta! Dirão que foi porque quis. Foi sim senhor! Mas eu sou daquelas que "antes quebrar que torcer"

16 outubro, 2006

O que será? (À flor da Terra)

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1.
-O que será, que será?
Que andam suspirando pelas alcovas?
Que andam sussurrando em versos e trovas?
Que andam combinando no bréu das tocas?
Que anda nas cabeças, anda nas bocas?
Que andam acendendo velas nos becos?
Que estão falando alto pelos botecos?
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza.
Será, que será.
O que não tem certeza, nem nunca terá?
O que não tem conserto, nem nunca terá?
O que não tem tamanho?

2.
-O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes?
Que cantam os poetas mais delirantes?
Que juram os profetas embriagados?
Que está na romaria dos mutilados?
Que está na fantasia dos infelizes?
Que está no dia a dia das meretrizes?
No plano dos bandidos, dos desvalidos?
Em todos os sentidos.
Será, que será.
O que não tem decência, nem nunca terá?
O que não tem censura, nem nunca terá?
O que não faz sentido?

3.-
O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar?
Por que todos os risos vão desafiar?
Por que todos os sinos irão repicar?
Por que todos os hinos irão consagrar?
E todos os meninos vão desembestar?
E todos os destinos irão se encontrar?
E mesmo o Padre Eterno,
Que nunca foi lá,
Olhando aquele inferno
Vai abençoar
O que não tem governo, nem nunca terá?
O que nao tem vergonha, nem nunca terá.?
O que não tem juízo?

(Chico Buarque/Milton Nascimento)

Outono, poesia, crianças, preguiça... é a vida!

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O Outono está a mostrar-se realmente, com cheiro a Inverno. Pois... eu sei que tenho mau feitio e que a chuva é necessária, o frio também, etc., etc., etc.... Mas não gosto e pronto. Não gosto de frio. Não gosto nem da ideia de pensar na quantidade de roupa que preciso vestir no Inverno para me sentir minimamente confortável. É uma canseira!
Gostaria que lessem o poema do Eduardo Aleixo no comentário a "Um sonho tolo como todos os sonhos..." Acho-o lindo! Porque não te dedicas, agora que tens mais tempo, a compilar o que escreveste ao longo dos anos? Já me disseste que não sabes se tem valor. Mas se alguma coisa nos toca, se um pequeno poema como este faz vibrar uma corda dentro de mim, então podes ter a certeza que vale a pena. E pensa naquela proposta que te fiz a semana passada sobre o blog... com carinho e muita ternura.
A propósito da lei sobre a despenalização da gravidez, vi há pouco no telejornal da RTP1, uma menina de 12 anos que é mãe de um bebé de meses. Só percebeu que estava grávida quando já estava no quinto mês de gestação... Isto acontece em Portugal, no século XXI! Uma criança cuida de outra criança. Diz que está feliz e eu acredito. E espero que continue a sentir-se feliz, porque não conheço outra maneira de se ser mãe, senão esta. Mesmo quando os filhos nascem sem serem programados, se forem amados, tornam-se desejados como se tivessem sido planeados. E espero que o país que permite que existam crianças que nada sabem de sexo e só descobrem que estão grávidas passados 5 meses, se sinta minímamente responsável e ajude tanto a criança que se tornou mãe aos 12 anos como a sua família, para que ela possa continuar a estudar e viver minimamente o resto da sua infância e adolescência, ainda que seja agora obrigada a tratar de um bebé de verdade em vez de fingir que trata de um boneco. Esta menina tem o mesmo direito a viver uma vida feliz do que outra qualquer. Não tem que "carregar " um filho como quem carrega um fardo ou um pecado. E o engenheiro que até vai fazer campanha pelo "sim à despenalização", (continuo sem perceber porque não resolveu já este assunto, sendo um homem tão corajoso como dizem...), veja lá o que pode fazer para ajudar esta menina, o seu filho e a família que, ao contrário de muitas, não lhes voltou as costas.
E por aqui me fico que, se tivesse juízo não teria saído da cama! Mas nada de alarmes eu estou bem melhor... só um pouco preguiçosa... "lazy" é a palavra. Existe e eu também tenho direito à preguiça. Um dia destes falamos disso.

15 outubro, 2006

Eu tenho um fraquinho por ti

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Eu tenho um fraquinho por ti
tu não me dás atenção
tu não me passas cartão
quando me ponho a teu lado
tremo nervoso de agrado
e meto os pés pelas mãos
tu vais gozando um bocado
a beber vinho tostão
eu com o discurso engasgado
fico a um canto,
que arrelia
de toda a cervejaria
onde vais rasgar a noite
se te olho com ternura
olhas-me do alto da burra
que mais parece um açoite
é um susto um arrepio
que me malha em ferro frio.

Eu tenho um fraquinho por ti
que me vai de lés a lés
tu dás-me sempre com os pés
quando me atiro enamorado
num estilo desajeitado
disfarço em bagaço e café
tu fumas o teu cruzado
e fazes troça, pois é,
já tenho o caldo entornado
esqueces-me da noite p´ro dia
em alegre companhia
de batidas e rodadas
tu ficas nas sete quintas
marimbas, estás-te nas tintas
p´ra que eu ande às três pancadas
basta um toque sedutor
eu cá sou um pinga-amor.

Eu tenho um fraquinho por ti
que me abrasa o coração
quase me arrasa a razão
a tua risada rasteira
põe-me de rastos,
à beira do enfarte
da congestão
encharco-me em chá de cidreira
mofas de mim
atiras-te ao chão
zombando à tua maneira
lá fazes a despedida
ao grupo que vai de saída
dos amigos da Trindade
mas no fim da noite,
à noitinha, tu ficas triste e sozinha
à procura de amizade
e como é costume teu
chamas o parvo que sou eu.

Afino uma voz de tenor
ensaio um ar duro de macho
quando estás na mó de baixo
quero ver-te arrependida
mas numa manobra atrevida rufia,
muito mansinha,
dás-me um beijo e uma turrinha
que me põe num molho num cacho
estremeço com pele de galinha
e gosto de ti trapaceira
da tua piada certeira
do teu aparte final
do teu jeito irreverente
do teu aspecto contente
do teu modo bestial
noutra palavra mais quente
eu tenho um fraquinho por ti.

(Fausto)
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Boa semana para todos (não sei como, mas...)

Tenho andado ocupadíssima e por isso há dois dias que não apareço no meu tempo. Hoje aqui estou, apesar de dores imensas na coluna... Coisas que acontecem a quem se esquece que os anos passam e a idade não perdoa certos esforços... mas que se lixe! Daqui a nada estendo-me ao comprido e isto há-de passar. Eu é que não podia deixar passar mais um dia sem passar por aqui.
Para vos falar de uma coisa que sabem melhor que eu, que mal tenho ouvido notícias. Portanto se eu me enganar no nome das "personagens" corrijam-me e não me levem a mal. É que me parece que quem disse é irrelevante. O que releva é o facto de ser um membro do governo.
Julgo que foi o senhor Manuel Pinho, (devem ter-lhe dito que é fotogénico, porque o homem aparece todos os dias a propósito de tudo e de nada), que veio dizer que a crise acabou. Ia eu a caminho do trabalho no sábado, quando ouvi esta notícia na rádio. Pensei logo em voltar para trás. Se a crise acabou posso descansar um pouco mais. Isto dizia eu de mim para comigo, esfregando as mão de contente mentalmente, (não me fosse aparecer a GNR pelo caminho.)
Pois só voltei a ouvir "qualquer coisa" hoje. Claro que tinha que ser o meu engenheiro de estimação a dizer que não senhor, que a crise continua, que temos que apertar ainda mais o cinto, para ele poder botar figura lá na CEE, que é o patrão máximo do dito engenheiro... até me custa pronunciar o nome, palavra de honra.
Como é que não há uma lei que proíba um engenheiro usar um nome de um filósofo grego tão importante? Será que os senhores deputados não arranjaram ainda um tempinho para fazer uma lei decente a este respeito?
Portanto meus amigos, continuarei a trabalhar 42 horas semanais. O engenheiro diz que é preciso... eu digo que preciso de trabalhar mais um dia para poder sobreviver com alguma dignidade, porque não será 1% de aumento que evitará que me encha de dívidas para comer... Sim porque a estória de 1,5% são lérias: 0,5% vai para a ADSE. E a ver vamos se, mais uma vez o aumento não faz que receba menos, devido aos ajustamentos dos escalões do IRS.
Tenho pena. Mas a verdade é que sinto que vivo num país com um governo que rouba, mente, engana... E a gente acaba por viver como nos ensinam, se é que me entendem...
Uma boa semana para todos.

12 outubro, 2006

Somos todos "cidadões"...


- Os funcionários públicos são "cidadões" como nós e eu só "sube" da manifestação deles às duas da tarde, senão tinha vindo para os ajudar.
Ouvi várias coisas deste género no telejornal de hoje e se opto por esta é só porque é uma frase genuína de um homem do povo. Porque a mim não me interessam as opinióes dos senhores do mundinho que é Portugal. Mas interessa-me saber o que pensa o povo de todas as mentiras que o engenheiro e o seu governo propagam todos os dias acerca dos funcionários públicos.
E fiquei bastante satisfeita com o facto de ouvir coisas deste tipo. Porque estava muito convicta que o engenheiro tinha conseguido virar um país inteiro contra a função pública. Pelos vistos ainda há quem pense pela sua cabeça e não acredite nas mentiras sucessivas deste senhor que, pelos vistos, julga que se pode viver com € 501 mensalmente e ainda pagar mais do que já paga pelo direito à saúde.
É o que eu sempre digo: quando tocar a todos e não apenas à função pública, a máscara cai e toda a gente vai poder ver de que massa é feito este homem... não me apetece nada admitir que ele pertence à espécie humana... mas enfim... será com toda a certeza um daqueles terríveis erros da natureza!
A saúde é um bem comum. Agora ele chegou lá! Agora vamos ver até que ponto conseguirá destruir completamente o sistema nacional de saúde.
Será que pensa senhor engenheiro, que as pessoas são internadas porque é agradável ficar num hospital... porque querem? Será que pensa que se submetem aos exames que os médicos as mandam fazer porque gostam de gastar dinheiro ao Estado?
O senhor não sabe o que faz. Não conhece o mundo em que vive. Devia ter tido o atendimento que qualquer português teria no seu lugar, quando teve aquele problema no joelho. Mas o senhor é uma espécie de deusinho ou reizinho ou o raio que o parta... Tanto se lhe dá que uma pessoa que está com problemas sérios de coração seja atendida em 15 minutos ou em 4 horas... está-se nas tintas! Tanto se lhe dá que as pessoas tenham que percorrrer quilómetros até um hospital, desde que não seja o senhor ou algum familiar mais próximo...Um verdadeiro estupor é o que o senhor é!
E fico por aqui antes que a tensão comece a subir e tenha que recorrer ao seu cada vez mais justo e maravilhoso sistema nacional de saúde!
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